ENSINO E EDUCAÇÃO

13 Pessoas, Entidades resultados para ENSINO E EDUCAÇÃO

6 resultados diretamente relacionados Excluir termos específicos
Escola Oficina n. 1
PT/AHS-ICS/EscOfic1 · Pessoa coletiva · 1905 -1987

A Escola Oficina n.º 1 de Lisboa (1905-1987) foi a mais emblemática das escolas novas portuguesas, tendo desenvolvido o seu projeto inovador principalmente entre 1907 e 1919. No entanto, a sua existência inscreveu-se num tempo longo, tendo funcionado durante mais de oitenta anos. O modelo pedagógico inovador que a caracterizou foi impulsionado por Adolfo Lima e inspirou-se nos ideais libertários e anarquistas, matriz a partir da qual foram interpretados os princípios da Educação Nova. Esta Escola adotou muitas das práticas inovadoras deste movimento, como o self-government escolar, a valorização dos trabalhos manuais, a educação física e a educação estética. Colocou o aluno no centro do processo pedagógico, visando a sua educação integral. Definiu rituais e normas no quotidiano escolar, assim como práticas de saúde e higiene. A partir dos anos trinta, com o regime político salazarista, perdeu o seu carácter experimental e tornou-se uma escola “normal”, igual a outras escolas oficiais.

Frazão, Francisco Santos Serra
Pessoa singular · 1881-1948

Francisco Santos Serra Frazão nasceu a 1 de dezembro de 1881 na Serra de Santo António, à época pertencente ao concelho de Porto de Mós, atualmente no concelho de Alcanena

Em 1889 prosseguiu o destino que lhe fora traçado pela família, indo morar com seu tio – Prior de Porto de Mós, tendo em vista a preparação para a carreira eclesiástica. Em 1891 ingressou no Seminário de Santarém, que deixou ao fim de três anos, não convencido da vocação sacerdotal e inconformado com a rigidez das regras da casa.

Matriculou-se então na recém-criada Escola Distrital de Magistério Primário Elementar de Leiria, cuja aula inaugural decorreu a 10 de outubro de 1899. Concluído o curso, obtido o diploma de professor do ensino primário elementar a 2 de agosto de 1901, e cumprido o serviço militar no Regimento de Lanceiros nº1 de Elvas, regressou a Porto de Mós.
O seu primeiro trabalho terá sido no Cartório Notarial de Porto de Mós sendo também neste período que se estreou no jornalismo em “O Portomozense”, com a novela original intitulada "A Noviça", publicada em fascículos. Entre 1902 e 1913, prosseguiu a sua carreira como professor do ensino primário em várias localidades do distrito de Santarém, casando nas Fráguas, Rio Maior, a 10 de janeiro de 1906 com Elvira Augusta Duarte e Sá.

Nesta altura manteve uma presença assídua na imprensa da região, sob as formas de poemas, folhetins, artigos de opinião, política, notícias locais, arte e literatura e etnografia

A 6 de dezembro de 1913 desloca-se a Lisboa para prestar provas num concurso para Secretário e Administrador de Circunscrição do Quadro Administrativo de Angola, recém-criado por iniciativa do Governador-Geral Norton de Matos. É nomeado Secretário de Circunscrição em Moçâmedes, hoje Namibe, e segue viagem a 30 de maio de 1914. Foi depois enviando para o jornal “O Riomaiorense” as suas crónicas de viagem ao longo do percurso, sob os títulos "Cartas de Longe" e “Etnografia dos Povos de Angola”. Como Secretário de Circunscrição seguiu depois para o Golungo Alto (setembro de 1914), Samba-Cajú (1915), Quilengues (1917) e Ejito (1918), seguindo-se nova mudança nesse mesmo ano para chefiar a 6ª Secção da Secretaria do Governo Militar do Distrito da Lunda.

Continuou a manter uma colaboração assídua com a imprensa expedindo poemas e crónicas literárias para o jornal "Riomaiorense" e publicando em periódicos da colónia, como o "Jornal do Comércio", a "Província de Angola", a "Pátria Portuguesa" e o "Jornal de Benguela". Face à sua saúde deteriorada pelas doenças tropicais e, saudoso da sua pátria, regressou à Metrópole a 3 de abril de 1919.
Na metrópole, ingressou na Escola Primária Superior, ensinando na Horta e em Santarém, onde casou pela segunda vez com Emília Calado. Foi o período de maior compromisso político-partidário, tendo-se filiado no Partido Democrático em maio de 1922, eleito como Vereador da Câmara Municipal de Santarém em janeiro de 1923 e desempenhado o cargo de Vice-Presidente da Comissão Executiva até ao termo do mandato, em 1925.

Com o 28 de maio de 1926, a sua colaboração enquanto colunista e publicista foi afetada com as restrições impostas pelo Governo à liberdade de imprensa, sobretudo junto dos títulos do campo da esquerda republicana, sendo de registar as suas colaborações em "O Porvir", "O Povo de Penafiel", "O Combate", "Jornal de Santarém", "A Voz da Justiça", "A Tribuna", "A Voz Republicana", "Humanidade", "Almanaque da Humanidade", "A Montanha", "Portvcale", "O Pensamento", "O Protesto", "A Victória", "A Voz de Alcobaça", "A Liberdade" (Lisboa), "A Revolta", "Brasília" (Coimbra), "República", "Diário de Lisboa", "Diário Popular", "A Batalha", "Primeiro de Janeiro", "O Diabo", "O Sol Nascente", "Notícias da Nazaré", "O Lena", "O Benaventense", "Ribatejo Ilustrado", "Vida Ribatejana" e "Seara Nova". O novo contexto reforçou a sua combatividade que se traduziu no alargamento à imprensa estrangeira, publicando em títulos como o "Diário de São Paulo" (Brasil), "La Tierra" (Espanha), "La Libertad" (Espanha) e "Nueva Espana" (Madrid). A 2 de outubro de 1930 viria a ser preso pela Polícia de Informações do Ministério do Interior (antecessora da PVDE e PIDE), sob a acusação de "estar comprometido na organização revolucionária de Santarém (...)".

Já com provas dadas no jornalismo, dedicou-se à produção de conteúdos destinados a publicação em livro, abrangendo temas sociais, monografia e etnografia referente à sua geografia sentimental – o Ribatejo.
Um cancro na laringe em 1936 privá-lo-ia de emitir sons vocais até ao fim da vida, impedindo-o de continuar a exercer como professor e solicitador judicial e impondo-lhe a necessidade de procurar novos meios de sustento económico. Abriu então um negócio de livraria em Santarém, dedicada ao comércio de livros, papéis, selos e diversos artigos, reingressando ao Quadro Administrativo de Angola a 22 de junho de 1940, permanecendo em Luanda nas Direções de Serviços de Administração Civil e de Negócios indígenas durante 3 anos, com a categoria de Administrador de Circunscrição.

Retornaria à metrópole em outubro de 1943, após ter sido nomeado para o Arquivo Histórico Colonial. Mudou-se com a família para Lisboa, apresentou-se ao serviço a 3 de abril de 1944 e iniciou de imediato o seu trabalho sobre toponímia de Angola. Em 1945, elaborou ainda esboços para a Carta Hidrográfica de Angola, que se conservam atualmente no Arquivo Histórico Ultramarino.
Foi eleito sócio da Sociedade de Geografia de Lisboa a 21 de novembro de 1944.

Face às limitações decorrentes da sua frágil saúde, viria a aposentar-se a 1 de dezembro de 1946. No entanto, não deixaria de se dedicar ao trabalho, tendo continuado a sua investigação em torno da toponímia de Angola, a produzir conteúdos para a Enciclopédia Ultramarina Portuguesa, e a escrever várias obras de etnografia de Angola, uma das quais publicada e ganhadora do 1º prémio na categoria de História e Etnografia no XIX Concurso de Literatura Colonial em 1946, promovido pela Agência Geral das Colónias: Associações Secretas entre os Indígenas de Angola, entre outros trabalhos relevantes. Viria a falecer a 6 de abril de 1948 em Lisboa.

Lima, João Evangelista de Campos.
PT/AHS-ICS/JECamposLima · Pessoa singular · 1877-1956

João Evangelista de Campos Lima, ou Campos Lima como assinava, nasceu em 1877, na cidade do Porto. Ainda criança, foi levado para Barcelos e depois para Braga, onde concluiu o curso liceal. Bem jovem, fora tocado pelas injustiças sociais e percebeu a desigualdade e aos 17 anos, já em Coimbra, entra num comício de trabalhadores no bairro dos Olivais, discursando ao lado dos precursores do movimento operário em Portugal, Ernesto da Silva e Azedo Gneco. Aos 20 anos matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, de onde foi expulso em 1907, no mesmo ano em que se formara advo-gado, o que o impediu de doutorar-se. A sua expulsão decorreu da sua parti-cipação na greve académica naquele ano, contra o ditador João Franco. Um ano antes, 1906, visitando Paris, ali travou conhecimento com anarquistas como Carlos Malato, o escritor romeno Janvion, Paul Pigassou, Jean Grave. Mas o que mais o entusiasmou foi a Comuna escolar La Ruche, de Sebastião Faure. De regresso a Portugal, tentou em colaboração com Tomás da Fonseca, Lopes de Oliveira e outros. fundar uma Escola Livre de Ensino Integral. Em 1908 principiou a advogar, mas nunca aceitou uma causa onde tivesse de acusar. Só uma vez acusou um agente de polícia que assassinara um operário. Como escritor anarquista foi dos mais produtivos e dos mais modestos, e como advogado defendeu heroicamente os trabalhadores e os anarquistas presos por delitos de opinião. Para melhor semear as suas ideias, divulgar os seus pensamentos o anarquista e advogado dos trabalhadores perseguidos fundou e dirigiu a Editora Spartacus, que publicou obras de real valor, como A História do Movimento Maknovista de Pedro Archinoff em 1925. Professor em escolas industriais e, interino, num Liceu, continuou a sua vida de propagandista, sempre interessado nos problemas sociais, e combateu alguns governos republicanos, com a mesma independência com que combatera os monárquicos, embora se entendesse com os democratas, na oposição e, sobretudo, quando via a República ameaçada. Foi amigo dos presidentes Manuel de Arriaga, António José de Almeida, Bernardino Machado e Teixeira Gomes; mas nunca solicitou empregos, benesses, mercês honoríficas, recusando ser deputado, governador civil e até ministro da Justiça, depois do movimento de 19 de Outubro. Apenas consentiu em fazer parte de várias comissões de estudos, como a encarregada da reforma da lei do inquilinato e dos organizadores do Congresso Internacional do Livre Pensamento, em cujos trabalhos tomou parte. A sua actividade jornalística foi grande, colaborando em muitos jornais e revistas do país e do estrangeiro. Fundou e dirigiu a revista Cultura e foi director dos diários Boa Nova e Imprensa de Lisboa, o único jornal diário que se publicava no período da greve dos jornalistas. Trabalhou, como redactor nos jornais O Século, O Mundo, A Batalha, Pátria e Diário de Notícias e foi articulista primoroso, versando os mais diversos problemas nacionais e internacionais.

Campos Lima faleceu a 15 de Março de 1956 com 78 anos de idade na rua Actor Taborda, 27, em Lisboa, sem ver o fim da ditadura fascista de Salazar. Ao seu enterro compareceram figuras da mais alta expressão intelectual como Julião Quintinha, Artur Inez, Manuel Alpedrinha, João Pedro dos Santos [...]
Fontes: E. Rodrigues (1982), A Oposição Libertária em Portugal 1939-1974, Lisboa, Sementeira.

Movimento: Boletim Informativo Das Forças Armadas
Pessoa coletiva · 1974/09/09 - 1975/08/14

[quinzenal] Boletim Informativo do Movimento das Forças Armadas, dirigido pela Comissão Coordenadora do Programa do MFA. Foram publicados ao todo 25 números, entre 1 de setembro de 1974 e 14 de agosto de 1975, que tinham por objetivo divulgar a situação económica, social, política e militar vivida em Portugal, após o 25 de Abril de 1974. A edição do boletim era da responsabilidade da 5ª Divisão do Estado Maior General das Forças Armadas, e a sua distribuição estava a cargo do jornal O Século.
-http://casacomum.org/cc/arquivos?set=e_3147

Porto, César.
PT-AHS-ICS-CPorto · Pessoa singular · 1873-1944

Formou-se em Antropologia, em Paris, e exerceu o magistério primário em várias escolas portuguesas. Assíduo colaborador do jornal A Batalha tendo também colaborado na revista Renovação (1925-1926); era mação e republicano e iniciou sua vida política como libertário.

Ganhou lugar entre a intelectualidade portuguesa participando no movimento para a educação progressista. A César Porto, professor de Português e Sociologia da Escola Oficina nº 1, se deve o primeiro estudo sobre a pedagogia soviética com base na vivência de uma viagem à Rússia a convite da Federação Pan-Russa dos Trabalhadores de Ensino. O relato da viagem, A Rússia Hoje e Amanhã, teve circulação restrita durante o governo da ditadura.

Em 1924 fundou e dirigiu a revista Educação Social que era a favor da educação progressista, a Escola Única, em prática na Escola Oficina nº1 e na Escola da Granja. A revista teve a colaboração de várias personalidades proeminentes da educação e cultura que defendiam o ensino com base em filosofias de ensino com base na experiência da criança como as de Claparède, Stanley Hall, Ferrière, Kerchensteiner e Dewey.

Fez parte da comissão promotora da Liga de Ação Educativa e do conselho pedagógico da Universidade Popular Portuguesa.

Quartin, Glicínia Vieira.
Pessoa singular · 1924-2006

Glicínia Vieira Quartin nasceu a 19 de dezembro de 1924. Filha do intelectual anarquista António Pinto Quartin e da professora e feminista Deolinda Lopes Vieira, residiu com a família no bairro da Graça onde, entre 1931 e 1935, frequentou a Escola-Oficina nº 1. Licenciou-se em 1954 em Ciências Biológicas na Faculdade de Ciências da Universidade de Lisboa, sendo que trabalhou como bióloga e professora de biologia durante sete anos. Estreou-se no teatro amador em 1951, atuando na peça Roberto e Melissandra (1951), encenada pelo Grupo de Teatro Experimental da Rua da Fé, no Porto. Depois de atuar no filme Dom Roberto (1962) de Ernesto de Sousa, passou uma temporada na Itália, entre 1962 e 1965, onde estudou na Scuola di Arti Sceniche de Alessandro Farsen. No regresso para Lisboa, estreou-se no teatro profissional, atuando na peça Os Burosáurios, no Teatro Experimental do Porto. Posteriormente, começou a colaborar com diferentes companhias teatrais, entre as quais se destacam o Teatro Experimental de Cascais (1965-1968) e o Teatro da Cornucópia (1973-2004). De grande relevância é também a sua atividade como professora de teatro no seio da Escola Superior de Teatro e Cinema, já a partir da década de 70, quando a escola era regida ainda pelo Conservatório Nacional. A sua última atuação aconteceu em 2004, na peça A Família Schroffenstein, sob a direção de Luís Miguel Cintra.

Vieira, Deolinda Lopes.
PT/AHS-ICS/DLV · Pessoa singular · 1888 - 1993

Deolinda Lopes Vieira (Santiago Maior, Beja, 8 de Julho de 1888 — São Mamede, Lisboa, 6 de Junho de 1993) foi professora primária, formada pela Escola Normal Primária de Lisboa, militante anarco-sindicalista, activista feminista.
Foi professora na Escola-Oficina n.º 1, instituição educativa em Lisboa de influência anarquista e libertária, e no ensino oficial, nos quais se dedicou ao ensino primário e à educação infantil.
Antes e durante a 1ª República, foi membro da Liga de Acção Educativa, e membro fundador do Concelho Nacional das Mulheres Portuguesas, bem como da maçonaria feminina em Portugal.
Viveu no Brasil entre 1913 e 1915, acompanhando o jornalista António Pinto Quartin, exilado político pela sua militância anarquista.
Casou em Lisboa, em 1936, com Pinto Quartin, com quem já tinha sido mãe de Orquídea Vieira Quartin, de Hélio Vieira Quartin (1916-2003) e da actriz Glicínia Quartin (1924-2006).
[adaptado da wikipedia, ver Fonte]