Estado Novo (1933-1974)

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  • regime político liderado por António Oliveira de Salazar

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      Estado Novo (1933-1974)

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        Acção (jornal)
        Pessoa coletiva · 1936-1937; 1941 - >=1949

        O jornal "Acção: semanário português para portugueses" (1936-1937) [dir. e propr. Cooperativa de Produção Editorial "Acção"; red. principal e ed. Augusto Ferreira Gomes. Rua das Fabricas das Sedas 24A Lisboa] era uma publicação perfeitamente alinhada com as posições do estado novo. Defende o colonialismo português, represente a ideia que Portugal tinha tendo de nação deste os primórdios na idade média. Ainda que o jornal fosse anticomunista com veemência, algumas críticas da burguesia e do liberalismo foram cooptados para fornecer posições "corporativistas" e totalistas. O jornal recebia financiamento através do Ministério do Comércio e Indústria.

        A relação de Acção: Semanário da vida portuguesa (1941- ) [dir. Manuel Múrias; propr. Editorial império, LDA; ed Armando António Martins de Figueiredo. Rua do Salitre 155 Lisboa] com o jornal de anos 1936-37 não é totalmente clara. Começa de novo com número 1, cujo editorial não fala sobre a primeira série. A sede, e os dirigentes eram diferentes, e o formato e as rubricas também. No entanto, o desenho do título é idêntico e a primeira série também era (impresso) e composto pela Editorial império. As posições políticas eram os mesmos.

        Antunes, Carlos.
        Pessoa singular · 1938-2021

        Antifascista, fundador das Brigadas Revolucionárias (BR) e do Partido Revolucionário do Proletariado (PRP), Carlos Antunes nasceu em São Pedro (Braga), em 1938. Em 1955 adere ao Partido Comunista Português (PCP), passando quatro anos mais tarde à clandestinidade. Em 1963 vai para a Roménia, onde se junta à Rádio Portugal Livre, e em 1966 instala-se em Paris onde será responsável pela organização do PCP e pela fundação, em 1969, dos Comités de Ajuda à Luta do Povo Português.

        Questões relacionadas com a invasão da Checoslováquia, a guerra colonial e a defesa da luta armada levam a que rompa com o PCP e venha a fundar com Isabel do Carmo as Brigadas Revolucionárias (BR), regressando clandestinamente a Portugal e organizando e participando em várias ações armadas contra o regime, nomeadamente contra o seu aparelho e infraestruturas militares. Uma dessas ações ocorreu em julho de 1971, quando largam em Lisboa dois porcos com trajes de almirante, numa alusão à fraude eleitoral que reelegera Américo Tomás.

        Em 1973, uma cisão na Frente Patriótica de Libertação Nacional leva à criação do Partido Revolucionário do Proletariado (PRP).

        Dirigiu com Isabel do Carmo o jornal “Revolução”, porta-voz do PRP-BR, que foi publicado entre 1974 e 1977, e o jornal “Página Um”, publicação igualmente próxima do PRP, editado de 1976 a 1978.

        Em 1978 Carlos Antunes e Isabel do Carmo, entre outros militantes do PRP, são presos e acusados de vários crimes/ações armadas e de assaltos a bancos. Ao fim de vários anos de prisão preventiva, uma primeira condenação, protestos e greves de fome acabariam por ser absolvidos após julgamento e libertados em 1982.
        -Museum do Aljube

        Brazão, Arnaldo.
        PT/AHS-ICS/ArnaldoBrazão · Pessoa singular · 1890 - 1968
        Cabral, Amílcar.
        PT/AHS-ICS/AMC · Pessoa singular · 1924-1973

        Amílcar Lopes Cabral (Bafatá, Guiné Portuguesa, actual Guiné-Bissau, 12 de setembro de 1924 — Conacri, 20 de janeiro de 1973) foi um político, agrónomo e teórico marxista da Guiné-Bissau e de Cabo Verde. Fundador do PAIGC.

        Cadernos de circunstância
        Pessoa coletiva · Novembro 1967-?

        Cadernos de circunstância era uma publicação de ciências sociais que analisava a situação política, económica e cultural em Portugal. Era editado no exílio em primeiro em Arcueil e mais tarde em Paris. Era socialista e revolucionário

        A comissão coordenadora da publicação era composta pelas seguintes pessoas, com alguma flutuação entre os números: Alfredo Margarido, Aquiles de Oliveira, Fernando C. Medeiros, João Rocha, José Porto e Manuel Villaverde Cabral, Alberto Melo, João Freire, Jorge Valadas, José Hipólito dos Santos, José Rodrigues dos Santos.

        cadernos necessarios
        Pessoa coletiva · Junho 1969 - Março 1970

        Cadernos necessarios era uma publicação socialista revolucionária que apresentava artigos críticos ao Estado Novo, sobre assuntos como colonialismo, o movimento estudantil, habitação e eleições. Também era critico da oposição do regime, tendo como seu objetivo autodescrito a apresentação dos textos dos vários autores da esquerda, sem a crença numa única verdade.

        Os números 1 ao 5, e o número extra "Textos" foram republicados em 1975 pela editora Afrontamento, edição que se encontra esgotada (https://www.edicoesafrontamento.pt/products/cadernos-necessarios-1969-1970)

        Caraça, Bento de Jesus.
        Pessoa singular · 1901-1948

        Bento de Jesus Caraça nasceu em Vila Viçosa a 18 de Abril de 1901. Era filho dos trabalhadores rurais João António Caraça e Domingas da Conceição Espadinha. Revelou desde muito cedo uma grande capacidade e rapidez de aprendizagem que fizeram com que os seus estudos fossem apoiados pela família Albuquerque, de quem o pai de Caraça era feitor, em Vila Viçosa. Completou a sua instrução primária em 1911, tendo ido então para o Liceu de Sá da Bandeira, em Santarém, Aos 13 anos mudou-se para Lisboa, onde concluiu os seus estudos do ensino secundário em 1918, no Liceu Pedro Nunes.

        Matriculou-se em 1918 no Instituto Superior de Comércio, posteriormente designado Instituto Superior de Ciências Económicas e Financeiras (I.S.C.E.F.), actual Instituto Superior de Economia e Gestão (I.S.E.G.). Concluiu a licenciatura em 1923. Entretanto, a partir de 1919, era 2º assistente do 1º grupo de cadeiras do ISCEF. Terminada a licenciatura em 1923, foi nomeado 1º assistente em 13 de Dezembro de 1924, tendo no ano lectivo de 1924-1925 regido a cadeira de «Matemáticas Superiores - Análise Infinitesimal, Cálculo das Probabilidades e suas Aplicações». Em 1927 foi nomeado professor extraordinário e, em 28 de Dezembro de 1930, foi nomeado professor catedrático da cadeira de «Matemáticas Superiores - Álgebra Superior. Princípios de Análise Infinitesimal. Geometria Analítica». Manteve a regência desta cadeira até à sua demissão compulsiva em 7 de Outubro de 1946.

        A par da sua carreira académica, Bento Caraça desenvolveu uma intensa actividade política em acções contra o regime ditatorial de Oliveira Salazar (1889-1970), quer a nível clandestino, quer em movimentos legais e semi-legais. Foi membro da Liga Portuguesa contra a Guerra e o Fascismo, criada em 1934, do Movimento de Unidade Anti-Fascista (MUNAF), de que foi fundador em 1943, e do Movimento de Unidade Democrática (MUD), fazendo parte da sua comissão central em 1945. Em Setembro de 1946 foi-lhe instaurado um processo disciplinar pelo Ministro da Educação, na sequência da assinatura de um manifesto contra a admissão de Portugal na ONU. Em seguida foi expulso da cátedra universitária, sendo-lhe proibida a docência, no ensino público ou privado. Em Outubro desse ano foi preso pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE), o que aconteceu de novo em Dezembro. Em 1948 foi preso pela terceira vez, juntamente com outros membros do MUD, que entretanto foi proibido. Interveio activamente na preparação da candidatura de Norton de Matos (1867-1955) à Presidência da República e em 25 de Junho morreu em sua casa.

        Carmo, Isabel do
        Pessoa singular · 1940-

        Maria Isabel Augusta Cortes do Carmo (Barreiro, 12 de setembro de 1940) é uma médica, professora e ativista antifascista portuguesa. Em 2004 foi condecorada pelo presidente Jorge Sampaio com o grau de grande oficial da Ordem da Liberdade.

        Enquanto estudante de medicina participou nas lutas académicas de 1962. Foi dirigente da Ordem dos Médicos até ao seu encer´ramento pelo Estado Novo em 1972. Foi fundadora e dirigente, em conjunto com Carlos Antunes do grupo Brigadas Revolucionárias (BR), criado em 1970 e mais tarde também do partido político, que lhe servia de fachada, o Partido Revolucionário do Proletariado (PRP), criado em 1973. Posteriormente à revolução de 25 de abril de 1974, durante o Processo Revolucionário em Curso desenvolveu atividade política nas ruas, empresas e fábricas. Em 1978 foi detida sob a acusação de autoria moral da ações armadas, das quais foi mais tarde ilibada e negou sempre ter tido qualquer papel na colocação das bombas. Em 1989, liderou a Comissão Pró-Amnistia Otelo e companheiros

        CGT - Confederação Geral do Trabalho
        PT-AHS-ICS-CGT · Pessoa coletiva · 1919 - ~1964

        A confederação Geral do Trabalho (CGT) era uma Fusão de vários Sindicatos de operários. Foi fundado no II congresso operário nacional em Coimbra, que se realizou no 13-15 de setembro de 1919, e substitui a união operário nacional (UON). Foi dominado para sindicalistas anarquistas que as vezes tiveram conflitos com os membros comunistas e o PCP que prejudicaram o movimento significativamente. Antes da proibição definitivo em 1927 pela ditadura militar, já era gravemente enfraquecido, com uma diminuição dos membros de 100 mil a 15 mil. A CGT e o seu jornal A Batalha, continuaram na clandestinidade, com a última reunião verificável no ano 1964.

        Cunhal, Álvaro Barreirinhas.
        Pessoa singular · 1913 - 2005

        Secretário-geral do Partido Comunista Português entre 1961 e 1992.

        Curto, Amílcar da Silva Ramada.
        Pessoa singular · 1886 -1961

        advogado e escritor de teatro, uma das faces mais institucionais de um partido operário e marxista: o antigo Partido Socialista Português (fundado em 1875).

        Duarte, Francisco Miguel.
        Pessoa singular · 1907 - 1988

        Francisco Miguel Duarte (Beja, Baleizão, 18 de dezembro de 1907 – Lisboa, 21 de maio de 1988), também conhecido pela alcunha de Chico Sapateiro, por exercer essa profissão, foi um escritor, poeta e político português vinculado ao Partido Comunista Português, de que foi dirigente, autor do livro Das Prisões à Liberdade (Lisboa, Edições Avante!, 1986).

        Poeta, cujos temas principais são a revolução e o povo, tem entre os seus trabalhos mais conhecidos, um poema em honra da memória de Catarina Eufémia, sua conterrânea, já que o autor também era natural de Baleizão.

        Foi o dirigente do Comité Provincial do PCP no Algarve. A sua prisão em 1947 conduziu ao desmantelamento daquela organização provincial.

        Foi o último preso político a permanecer, sozinho, por seis meses, no Campo de Concentração do Tarrafal - Colónia Penal de Cabo Verde - antes de ser transferido, de novo, para Lisboa, a 26 de janeiro de 1954, onde continuaria preso, primeiro no Aljube e depois em Caxias.

        Foi eleito deputado pelo círculo eleitoral de Beja nas Eleições para a Assembleia Constituinte Portuguesa de 1975.

        A 30 de junho de 1980, foi agraciado com o grau de Comendador da Ordem da Liberdade.

        Lamas, Maria.
        Pessoa singular · 1883-1993
        Laranjo, José.
        PT AHS-ICS JL · Pessoa singular · 1944-

        Nasceu em Lisboa em 1944. Na sequência da sua participação no Movimento Estudantil, esteve preso de 27 de Abril a 2 de Maio de 1964. Estudou cinema. Fundou a Comissão Pró-Associação dos Estudantes Portugueses na Grã-Bretanha (Portuguese Students Support Committee), a qual manteve actividade regular até 1974 em favor dos estudantes presos em Portugal. O grupo procurava ainda sensibilizar a opinião pública inglesa para a situação política portuguesa, em particular entre estudantes britânicos, agindo em conjunto com outras organizações anti-colonialistas e anti-racistas. Segundo o testemunho de Álvaro de Miranda, a sua casa em Bromley, a Sul de Londres, transformara-se no "centro de actividade antifascista de Londres". O grupo também participou em acções como a do combate contra a invasão soviética da Checoslováquia e a Guerra do Vietname, entre muitas outras. Teve ainda actividade considerável em prol da defesa da comunidade de emigrantes (económicos) portugueses.

        LUAR - Liga de União e Acção Revolucionária
        PT-AHS-ICS-LUAR · Pessoa coletiva · 1967-1976

        Organização de luta armada criada, sobretudo, por elementos no exílio em França. Apesar de publicamente apresentada em Junho de 1967, a primeira acção da Liga de União e Acção Revolucionária teve lugar em Maio, a “Operação Mondego”, com o assalto à agência do Banco de Portugal na Figueira da Foz. O destino do dinheiro conseguido será um dos mais graves e perenes motivos de conflito entre os seus membros. A LUAR preparou um audacioso plano, nunca executado, de ocupação armada da Covilhã no ano seguinte. Realizou ainda assaltos aos consulados portugueses de Roterdão e do Luxemburgo, obtendo passaportes, bilhetes de identidade, carimbos e outros documentos destinados à actividade clandestina e à falsificação, e, dando corpo ao anticolonialismo preconizado, em apoio às lutas de independência, executou atentados contra o aparelho militar colonial.
        Entre os seus membros contam-se o seu líder Hermínio da Palma Inácio, Fernando Echevarría, Emídio Guerreiro, Fernando Pereira Marques ou Camilo Mortágua.
        Minada por várias divergências ideológicas e estratégicas, de concepção da luta armada e por questões práticas, levando a uma ruptura que se traduziu no facto de duas organizações se revindicarem do mesmo nome, a LUAR chega ao 25 de Abril com a componente de luta armada praticamente desactivada, mantendo ainda a publicação do jornal "Fronteira". Com o regresso dos seus militantes a LUAR é legalizada e participa activamente no processo revolucionário junto dos movimentos populares e do campo do chamado "poder popular", integrando no Verão de 1975 a Frente de Unidade Revolucionária (FUR).

        Lucena, Manuel de.
        PT-AHS-ICS-ML · Pessoa singular · 1938 - 2015

        Manuel de Lucena nasceu em Lisboa a 7 de Fevereiro de 1938. Viveu a infância e uma parte da adolescência em Angola com a família. Regressou a Lisboa com 16 anos, onde frequentou o Liceu Pedro Nunes e depois um colégio de Jesuítas. Ingressou no Instituto Superior Técnico no curso de Engenharia Química que viria a trocar pelo curso de Direito na Faculdade de Direito, onde se licenciou em 1981. Durante a sua juventude, participou em movimentos monárquicos e católicos, designadamente a JUC (Juventude Universitária Católica), o CCC (cineclube católico) e colaborou n' "O Tempo e o Modo". Depois da crise académica de 1962, passou a militar na Extrema-Esquerda. Redigiu grande parte dos comunicados estudantis da RIA (Reunião Interassociações de Lisboa). A sua oposição à política colonial de Salazar acabou por conduzi-lo ao exílio em 1963. Viveu em Roma, Paris e Argélia. Durante o exílio, foi dirigente do MAR (Movimento de Acção Revolucionária), fez parte da Frente Patriótica de Libertação Nacional e teve uma breve colaboração com a LUAR. Em Paris, estudou no Institut de Sciences Sociales du Travail, onde fez a sua tese sobre o corporativismo. A tese que preparou veio dar origem ao seu primeiro livro — “A evolução do sistema corporativo português”. Vol. I: o Salazarismo; vol. II: o Marcelismo —, publicado em Portugal em 1976.
        Após o 25 de Abril de 1974, regressou a Portugal. Participou, como alferes, no processo de descolonização de Cabo Verde. Veio terminar o seu serviço militar em Lisboa, no Gabinete de Dinamização do Exército, situado no Estado-Maior do Exército. Abandonou a Extrema-Esquerda e apoiou o manifesto do Grupo dos “Nove”, de Melo Antunes. Em 1975, tornou-se investigador do Gabinete de Investigações Sociais (GIS) e depois do Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa (ICS), que lhe sucedeu, onde fez carreira até se reformar em 2008. A última actividade política que se lhe conhece é adesão à Aliança Democrática e a participação na campanha presidencial do general Soares Carneiro, em 1980. Afastado da política activa, dedicou-se sobretudo ao comentário político e à investigação científica do corporativismo, dos fascismos e totalitarismos, do processo revolucionário português, a descolonização portuguesa e a consolidação democrática no pós-25 de Abril. Foi docente em cursos no Instituto de Defesa Nacional e na Força Aérea (para oficiais generais) e no Instituto de Estudos Políticos da Universidade Católica abordando alguns dos referidos temas de investigação, sobre os quais também proferiu conferências e orientou seminários em várias outras instituições.