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Código de referência
Título
Data(s)
- 1923 (Produção)
Nível de descrição
Dimensão e suporte
1 brochura; papel
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Nome do produtor
História biográfica
anarquista, colaborador da revista Sementeira
"Neno Vasco, na realidade pseudônimo de Gregório Nazianzeno de Moreira Queiroz e Vaconcelos, nasceu em Penafiel em 1878. Seguiu ainda criança, aos 9 anos de idade, para o Brasil na companhia do pai e da madrasta, tendo posteriormente regressado a Portugal, para a casa dos avós paternos com o objetivo de concluir os seus estudos ginasiais. Depois que concluiu o liceu em Amarante, em 1895, matriculou-se na faculdade de Direito de Coimbra no ano seguinte.
Foi durante ainda a sua estadia na academia lusita na que aderiu, em conjunto com um grupo de jovens estudantes, ao anarquismo. Em 1901, após ter retirado o diploma de bacharel em Direito, emigra novamente para o Brasil com o intento de reencontrar o seu pai, onde retoma e consolida sua formação política. Em 1911, retornou para Portugal onde deu continuidade a sua atividade militante.
Entre idas e vindas a atividade militante de Neno junto ao movimento anarquista eoperário transcorreu em partes mais ou menos iguais no Brasil (1901-1911) e em Portugal (1911-1920), quase uma década em cada um deles na realidade. Embora seja necessário sublinhar que enquanto estava no Brasil colaborava com a imprensa portuguesa e enquanto se encontrava em Portugal colaborava com a imprensa brasileira.
Esse constante ir e vir do anarquista não era, de modo algum, desengajado. Na realidade, ele acreditava que o estreitamento dos laços entre o movimento anarquista e operário do Brasil e de Portugal, era de suma importância para o construto de diferentes estratégias, onde todos os países, desprezando as fronteiras criadas pelo Estado, se federalizariam para instituir uma sociedade livre das peias capitalistas.
Assim como se fala, escreveu Neno Vasco, de aproximações comerciais e políticas, de missões diplomáticas e intelectuais, assim, nós devemos encarar e realizar uma união – não na forma, muitas vezes vazia, mas no que constitui a essência, a carne, o sangue, dessa aliança – a incessante troca de recursos de toda espécie. Nessa permuta de ideias, de correspondências, de publicações, de contribuições pecuniárias – e sobretudo de homens, para o conhecimento direto e pessoal dos ambientes e indivíduos – muito terão a ganhar o movimento anarquista de Portugal e o do Brasil.
Partindo de tal pensamento e sensibilidade, atuou como uma espécie de “diplomata” entre os companheiros situados do lado de cá e do lado de lá do Atlântico. Através de uma atividade jornalística constante e diversificada em periódicos brasileiros e portugueses, ele colaborou para a construção de um lócus de intensos debates envolvendo diferentes estratégias de combate ao capitalismo nos meios anarquistas e operários dos respectivos países, materializando, por assim dizer, uma união internacional entre Brasil e Portugal.
Vitimado por uma tuberculose, Neno Vasco faleceu em 1920, com apenas 43 anos.”
Thiago Lemos Silva