Transcrição:
Estimado Camarada
Pinto Quartim
Acusamos receber vossa carta, e junto os três magníficos clichês, e quando nos propunhamos a responder, recebemos vossa segunda carta com os restantes clichês. Principiarei com a resposta, que já constitui lugar comum: "a nossa bibliografia" está de parabéns com o envio dos clichês, valiosos. documentários para seu engrandecimento. Ficamos muito satisfeitos, porque nos vieram pôr, em contacto com um passado já distante do nosso movimento. Admirámos a maneira simples e clara como se expunha ao povo as nossas ideias. Em primeiro lugar, retribuo-lhe em. nome dos camaradas de Coimbra, os desejos dum ano feliz e alegre, cheio de felicidades em companhia dos entes que lhe são mais queridos. Pelos folhetos A Revolução Anarquista em Portugal, verificámos que, de 1870 a 1877, já houve actividade anarquista no nosso país, e por consequência devia haver coisas impressas, mas nada possuímos dessa época — a não ser o folheto de Kropotkine, que vem no clichê. Pelo cliché de A Revolta tomámos nota de mais um jornal anarquista — — O Rebelde - que se fundiu com Revolta. A propósito, lemos no jornal anarquista - A Verdade — de Coimbra, 1903, que em breve apareceria em Lisboa, um outro jornal anarquista — Terra Livre. Não tem conhecimento ? E ainda duma revista Luz e Vida ? E para fechar a interminável série de perguntas que lhe temos feito, não terá igualmente conhecimento da publicação em Lisboa, aí por 1920, dum jornal com o título A Voz da Razão ? O livro de Pedro Esteve, desconhecíamos a sua existência. A Voz Acusadora de Faure, publicou-se no Barreiro, em manifesto. Ainda sobre as obras de Emílio Costa, temos conhecimento de dois livros dele sobre Réclus. Um editado pela "Seara Nova" que li e creio ter sido em 1933. O outro Figuras do Social, não será anterior a esse ? Por descuido nosso inutilizou-se o verbete do folheto Pela Educação e pelo Trabalho, de Adelino Pinho. Queira ter o incómodo de o repetir. Desculpe tanta maçada. Acabamos de receber do C.R.I.A. uma circular (dirigida a todos os países, é claro) pedindo para ultimar em 1952 as bibliografias. Vamos concluir o nosso trabalho, e empregar todos os esforços para ser feito à máquina - um [...] difícil, porque todo o mundo tem medo. Manuscrito ou dactilografado, será destinado um exemplar para o camarada, afim de apreciar o trabalho — notas, prefácio - e todo O seu — conjunto. Por hoje receba o estimado camarada, fraternais saudações de todos os libertários de Coimbra, com a maior estima do amigo
José de Almeida
P.S. — Nunca lemos os-dois folhetos de Gonçalves Viana, mas temos a impressão que deve citar várias publicações anarquistas anteriores a 1877, isto é, desde 1870. Se não fosse incómodo demasiado, o camarada passaria uma "vista de olhos" aos folhetos, e tiraria os apontamentos de que por lá existisse. Ou no caso de os seus afazeres, não lhe permitirem esse trabalho, ceder-nos-ia os folhetos, que enviaríamos breve junto com os jornais em minha posse. Teríamos interesse em pesquisar esses anos, para saber o que se tinha publicado do nosso movimento
José de Almeida
Contém: Listagem com as siglas utilizadas; Legenda - Comissões da Câmara dos Deputados; Legenda - Comissões da Câmara dos Pares; Índice alfabético de nome (apelido).
Nota sobre o «Levantamento dos Discursos Parlamentares, 1834-1910»
Por não existirem índices nos Diários das Câmaras dos Deputados e dos Pares para este período, considerei indispensável proceder-se a um levantamento tão exaustivo quanto possível dos discursos dos parlamentares antes de se começar a redigir as biografias que constam dos três volumes do «Dicionário Biográfico Parlamentar», que coordenei. Apesar da margem de erro, relativamente elevada, que o levantamento conterá, penso ser útil colocá-la na Internet, uma vez que a ele poderão ter acesso os investigadores a trabalhar sobre este tema e período.
Foi esta uma tarefa difícil, não só devido à sua natureza, essencialmente monótona, mas porque, às vezes, era difícil apurar quem era quem: quando lhes apetecia, tanto os deputados como os pares usavam apelidos diferentes e alguns irmãos bem como pais e filhos surgem com o mesmo nome, podendo ter sido confundidos. Seja como for, a dimensão do levantamento é considerável: em papel, corresponderia a cerca de 3.500 páginas. Se houve parlamentares que pouco discursaram, outros existiram que se revelaram muito activos, estendendo-se as suas intervenções por vários dias. Elaborou-se ainda uma lista dos parlamentares presentes nas comissões especializadas. Quem deseje escrever a biografia de alguém que tenha sido parlamentar entre 1834 e 1910 tem o trabalho de casa adiantado.
Maria Filomena Mónica
Para uma consulta dos Diários da Câmara dos Deputados, da Câmara dos Pares e da Câmara dos Senadores consulte www.parlamento.pt.
Para mais informações sobre a história parlamentar portuguesa consulte Materiais para a História Eleitoral e Parlamentar Portuguesa (1820-1926)
(http://purl.pt/5854/1).
O concurso público para o lugar de cônsul de Portugal no estrangeiro, o primeiro a realizar-se em novos moldes, tem interesse a vários títulos. Desde logo, pela filosofia, meritocrática, que subjaz ao diploma de 18 de Dezembro de 1870, e, depois, pelos candidatos que a ele se submeteram, de que o mais famoso é certamente Eça de Queirós. Além do texto integral do decreto, incluem-se aqui muitos outros documentos, a maior parte dos quais inéditos, bem com o original e a respectiva transcrição (feita por Maria José Marinho e por Maria Isabel Soares) da prova teórica a que Eça, juntamente com sete outros candidatos, se submeteu no Ministério dos Negócios Estrangeiros, a 24 de Setembro de 1870.
Como se sabe, Eça viria a protestar contra o facto de ter sido supostamente preterido - ficaria em segundo lugar - num artigo que viria a publicar em «As Farpas», de Novembro de 1871, no qual invocou ter sido alvo de perseguição política. Como tentámos provar num texto ao tema dedicado, as coisas foram mais complicadas do que ele nos quis fazer crer .
Apesar dos esforços de Mendes Leal, para que o concurso fosse honesto, os «empenhos» sobre os membros do júri não tardaram a aparecer. Num país de camponeses analfabetos, onde as classes médias viviam coladas ao Estado, um concurso público dificilmente poderia ser isento. No caso que analisámos, os candidatos sobre os quais mais documentos possuímos, Eça de Queirós e Jaime Batalha Reis, consideravam que meter «cunhas» era a coisa mais natural do mundo. Mas nem tudo foi vergonhoso. Se o júri tivesse desejado colocar, desde o início, o filho do Conde da Ponte em primeiro lugar, nada mais simples do que atribuir-lhe, nas provas, uma qualificação mais elevada do que a que conferiu a Eça de Queirós. No entanto, não foi isso que fez. O mais provável é não ter obtido Eça o posto na Baía por não possuir experiência administrativa: um dia não chegava, de facto, como qualificação. O que não o impediu de relatar, em As Farpas, aquela história sobre uma misteriosa «cunha» feminina, a que acrescentou uma misteriosa perseguição política. Em suma, os génios literários não devem ser tomados à letra.
Maria Filomena Mónica
Estudo crítico sobre diversos aspectos de Angola.
Transcrição:
Estimado Camarada Pinto Quartim
Que tenha regressado de saúde do seu estágio a reconfortar energias, são os melhores desejos dos libertários de Coimbra.
Acuso receber sua grata carta, escrita antes da sua partida, e junto Terra Livre cuja oferta agradecemos reconhecidamente, já porque nos veio reviver todo esse glorioso passado de luta, já porque veio ser um excelente auxiliar ao trabalho que com êxito contamos levar a efeito.
Temos resolvido tudo, contando já com imenso material informativo e original, mas ainda Longe dum trabalho completo, porque nem todos os velhos camaradas têm correspondido-ao nosso apelo. Escrevi ao velho camarada Amadeu Cardoso da Silva, do Porto, com quem em tempos me tinha correspondido, e recebi a carta devolvida com a dolorosa nota - Falecido. Fiquei profundamente impressionado. Vem a "talhe de foice" dizer ao camarada que só hã quatro anos me encontro em Coimbra, aonde regressei, depois de uma peregrinação de 12 anos e meio pelos cárceres fascistas - incluindo 9 anos e três meses no Campo do Tarrafal - onde tive a infelicidade de assistir à morte de camaradas valorosos como Mário Castelhano e Arnaldo Januário.
Vou entrar no assunto que me levou a escrever a presente carta: pedir ao camarada para nos fornecer todos os esclarecimentos possíveis para bom êxito do nosso trabalho. Decerto, na impossibilidade de nos ceder os jornais, revistas, folhetos e manifestos da infância do anarquismo em Portugal, agradecíamos que nos enviasse os seus títulos, grupos editores e ano de publicação. Em caso de envio de algumas publicações, nós nos responsabilizamos pela sua devolução sem qualquer desvio.
Pelo menos, desejaríamos o envio de um exemplar de cada jornal, porque tencionamos fotografar alguns. Em todo o trabalho que temos realizado, achamos um grande vácuo nas publicações de 1901 a 1910.
Teríamos interesse de consultar Guerra Social e alguns números d'O Protesto das duas séries, ou que nos informasse, se a 2a série do Protesto se publicou após a suspensão da Guerra Social.
Apesar de nesse sentido termos empregado os melhores esforços, não temos conseguido adquirir a colecção de A Sementeira, que seria um excelente elucidário sobre as publicações dessa época.
Como calculámos possuí-las, agradecíamos que nos prestasse os esclareci mentos seguintes: em que ano se publicavam os jornais - A Obra, de Lisboa; O Despertar, do Porto; Novos Horizontes, revista de Lisboa; Pão e Liberdade, jornal publicado pelo falecido camarada Emílio Costa ; Amanhã, porque julgamos errada a data de 1903 mencionada na Terra Livre. Desta revista, teríamos desejo que nos cedesse, por empréstimo, um exemplar afim de fotografar a capa. Igual pedido fazemos da Paz e Liberdade, caso a possuir.
Na bibliografia da Terra Livre, vem mencionados dois jornais sem localidade: O Petardo Anarquista, 1896, e O Agitador, 1885? Tendo ideia, se não estou em erro, de em 1911,se ter publicado-em-Lisboa-um semanário-com o título O Agitador. A Terra Livre, chegou a publicar os folhetos que anunciou - Escola para Operários, de Emílio Costa, e Neo-Maltusianismo, de Gaspar dos Santos? Os postais que publicou eram fotografias de camaradas, ou alegorias sobre o ideal?
Escrevemos à "Livraria Guimarães" para nos elucidar da data em que foram publicados os livros da "Colecção Sociologica",e não obstante ter-lhe enviado a importância para a resposta, não se dignou responder.
Numa lista à parte enviamos esses livros, caso o camarada os possua na sua biblioteca, seria favor pôr-lhe a data, bem como os do camarada Adolfo Lima, que desejamos incluir na bibliografia.
Quantos folhetos editou a "Brochura Social" e quais os seus títulos? Caso o camarada possua alguns folhetos repetidos, do Como não ser anarquista? e Entre Camponezes, agradecíamos o seu envio, agora com o objectivo de propaganda, porque o núcleo libertário luta com falta de literatura para esse fim.
Desculpe o camarada toda esta maçada, mas aproveitando esta tenebrosa época de inactividade, estamos empenhados em realizar um bom trabalho, com a ideia que melhores dias hão-de despontar em Portugal, e daremos então publicidade ao trabalho, num pequeno volume que constituíra um marco de referência para todos os estudiosos que desejem conhecer a história literária do movimento anarquista em Portugal.
Não obstante as dificuldades que nos oferecem em conseguir máquina para a manufactura da bibliografia, se nos fôr possível vencer essa dificuldade, ofereceremos um exemplar ao camarada.
Enviamos junto alguns jornais. Vai o jornal A Obra, da Argentina, de Fevereiro último, que insere as declarações de "Charlot", a que faz referência O número recente de Solidariadad Obrera. La Obra, como toda a numerosa imprensa anarquista argentina, publica-se clandestinamente, devido à ditadura Peron.
Aceite o estimado camarada, abraços espirituais dos libertários de Coimbra, e um especial do professor Almeida Costa
José de Almeida
Almeida, José de.José de Almeida parece ter escrito a data erradamente na carta, com 10. (Outubro) em vez de 11. (Novembro). O envelope indica 14.11.52; a carta foi recebida a 20 de novembro de 1952. O conteúdo desta carta e da carta de 20.10.1952 também apontam para a conclusão que esta carta é de novembro.
José Pacheco Pereira sugere esta teoria no texto dele no Boletim de Estudos Operários Número 4.
Transcrição:
Estimado amigo
e camarada Pinto Quartim
Acabo de receber sua carta, datada de 13, e já antes tinha recebido uma outra datada de 4, à qual não dei resposta imedaita pelo motivo de há dias me encontrar ausente de Coimbra, de visita a família que tenho na Guarda, e só regressei segunda feira, quando me foi entregue sua carta. Fui logo à delegação do Janeiro levantar os jornais e os livros que o amigo me enviou. Não pude fugir à tentação do interesse de ler dum trago os seus dois livros, cuja leitura me deliciou com algumas horas de prazer espiritual. A sua essência é bem uma critica às anomalias da sociedade burguesa; nas suas páginas brilha com fulgor o espírito crítico e combativo do anarquista às injustiças da sociedade. 300 Contos, e Mulheres são duas peças sociais de valor, que vêm enriquecer o teatro social, tão pouco cultivado no nosso país. Neste aspecto são ricos os camaradas brasileiros. Depois de os ter lido, já andam com maior interesse a ser lidos por outros camaradas, que se revelam encantados pelo desassombro das suas afirmações contra o pântano em que tanta gente chafurda. Agradeço profundamente a sua dedicatória. Temos, também, recebido os seus informes para o nosso trabalho, que estamos prestes a finalizar. Para findar com a maçada de tantos pedidos que lhe temos feito, agradecíamos, caso lhe seja possível, de nos fornecer sobre os livros que mencionamos de Hamon, que foram publicados após a Grande Guerra. São eles: O Movimento Operário na Grã-Bretanha, A Conferência da Paz e a sua Obra, e As Lições da Guerra Mundial. É claro que podem não ser obras essencial mente anarquistas, mas a sua publicação no nosso país, é sem dúvida fruto da actividade libertária em Portugal. Na bibliografia da Terra Livre, encontramos um livro com um título estranho que nos dá ideia de uma "ronda policial" - Um Chinês em Paris à procura do Comunismo. Conhece o camarada Quartim a essência deste livro, para que possa figurar na bibliografia anarquista? Como acima digo, com estes informes, terminamos as nossas perguntas ao camarada, a quem nos encontramos bastante reconhecidos pela sua valiosa cooperação ao nosso trabalho. Somos da opinião do camarada, de que os folhetos que cita deveriam ser fotografados, bem como A Revolução Social — o primeiro jornal anarquista que se publicou em Portugal. Era esse o nosso desejo, se possuíssemos um só exemplar, mas como consegui-lo ? Como em cartas anteriores lhe disse, foi-nos feito esse pedido pelos camaradas do C.R.I.A. Quanto aos jornais a enviar-lhe, cumpriremos o seu desejo. Estamos sempre a receber as nossas publicações de distintos países, como ainda agora sucedeu, mas só lhe enviaremos os que publiquem assuntos de largo interesse. Agradeço o envio de Vida Livre e Despertar que me fizeram reviver momentos agradáveis. Breve farei a sua devolução. Para terminar, informo-o que o número da minha residência é 11-2º, e não 22, como tem vindo, nas suas duas cartas, o que tem ocasionado o distribuidor da "ala pare" não ter encontrado o destinatário, como verifica pelo bocado do envelope junto. Aceite o camarada as fraternas saudações de todos os camaradas de Coimbra, com um especial abraço de Almeida Costa, e do camarada que o estima e admira
José de Almeida
Almeida, José de.A carta em si não tem data, mas o envelope atribuído indica 27.11.52
José Pacheco Pereira atribui esta carta como anexo à carta do 10-09-1952 (PT-AHS-ICS-PQ-CP-003-01), no Boletim de Estudos Operários Nº4
Transcrição parcial:
Os camaradas da "Comissão de Paris" na circular que nos enviaram, pedem-nos para mencionar na bibliografia as obras que mais se tem salientado no combate ao anarquismo. Nestas condições encontramos O Anarquismo.de António Serpa Pimentel, que além de escritor, julgamos ter sido ministro da Monarquia, mas que no seu livro é honesto na crítica ao anarquismo, salientando por vezes a sua superioridade. Os camaradas da Comissão Local, pedem para consultar o camarada Quartim, se é sua opinião que as obras de Tolstoi devem figurar na bibliografia. Temos apontados os livros seguintes: A próxima Revolução, A Escravidão Moderna, Ao Clero, Últimas Palavras, Único Meio e A Paz e a Guerra, que salientam O seu combate à autoridade, ao Estado e ao militarismo, mas fortemente eivadas da mística religiosa tolstoiana.
José de Almeida
P.S. Se possuir Figuras do Social, de Emílio Costa, indique-nos a data da sua publicação.
cópia de carta de Pinto Quartim, Lisboa, 22 de Dezembro de 1954 (que inclui o texto elo postal de 1907 referindo-se provavelmente aos acontecimentos associados à greve estudantil de 1907; ver artigo de Pinto Quartim em Ver e Crer n9 45, Janeiro de 1949 , reproduzido no n2, Dezembro de 1982, deste Boletim (BEO).
"PARTICULAR
Lisboa, 22 de Deze-mbro de 1954
Dr. Bissaya Barreto:
Agradeço os "subsídios para a História ... " que teve a gentileza de me enviar e que li com interesse apreciando nessa sua defesa a franqueza e o desassombro que caracterizavam o signatário do postal que abaixo reproduzo, datado de 6 dE Abril de 1907 - o que confirma que o que o berço dá a tumba o leva.
Para o Iustrissimo e Excelentissimo Senhor
António Pinto Quartim
R. Magdalena, 163,19
Lisboa
Um grande abraço de muita amizade e solidariedade.
Seremos vencedores por que a união faz a força.
Abraça-te o teu amigo sincero e dedicado
F. Bissaya Barreto Rosa
Castanheira Pera
Com o apreço e simpatia que este postal aviva e com a saudade da nossa mocidade que este postal recorda, subscrevo-me muito reconhecido, seu
V~. At~ e Grato
[P.Q.]
Antero Leal Marques (1880-1969) foi chefe de gabinete de Oliveira Salazar entre 27 de Abril de 1928 e 28 de Agosto de 1940, tendo sido um dos primeiros e mais íntimos colaboradores de Salazar, primeiro, no Ministério das Finanças e, depois, na presidência do ministério. Escreveu um curtíssimo «Diário», manuscrito, que tem por objecto a formação do primeiro governo de Salazar, em Julho de 1932. Esse documento, um volume com 64 páginas, foi doado por Henrique José Monteiro Chaves ao Arquivo de História Social.
O fundo contém ainda fotocópias de condecorações entregues pelo Estado Português e Espanhol a Antero Leal Marques (1930-1934) e outra documentação de apoio à investigação produzida por Henrique Chaves (Fotocópias e transcrições do manuscrito).
Marques, Antero Leal.Apontamentos etnográficos.
Estudos Etnográficos dos Povos Angolanos.
conjunto de transcrições (impressas e/ou digitais) de fontes, orais, manuscritas ou dactilografadas, algumas com originais salvaguardados pelo AHS.
«Diário» de Leal Marques sobre a formação do primeiro governo de Salazar, por Fátima Patriarca – apresentação, Análise Social, Vol. XLI (1.º), 2006 (n.º 178), pp. 169-222: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1292586680B6rEQ0vz0Ul94UZ1.pdf
Conferência apresentada ao Congresso do Livre-Pensamento em Roma.
Lima, Sebastião de Magalhães.Transcrição:
"Vou-lhes contar meus senhores
Uma história que surgiu
Pois não foi só Nossa Senhora
Que sendo virgem, pariu.
Pois bem perto de Todela
Há uma santa como ela
Que é a Santa Comba Dão
Que foi parir numa gruta
O maior filho da puta
Que apareceu cá na Nação.
Neste país de [?]
De festas e arraias
Em que se condecoram os putos
E se demitem generais."
Estimado Camarada
Pinto Quartim
Acusamos receber suas duas últimas cartas, pelo que lhe ficamos muito gratos, dado o interesse que manifesta pela nossa iniciativa. Agradecemos os preciosos elementos que nos acaba de enviar, alguns deles de existência desconhecida para nós, que vêm dar um maior relevo à bibliografia que estamos organizando. Aguardamos Os novos elementos que nos possa fornecer, não esquecendo os livros de Adolfo Lima, "Colecção Sociológica", jornais, que decerto deve possuir na estante da sua biblioteca. De Emílio Costa, em caso de possuir, desejaríamos o informe do ano e casa editora dos seus livros - Karl Marx, Jaurés, e Acção Directa e Acção Legal, e Eliseu Reclus - edição da "Seara Nova". Informação sobre O Terror na Rússia, de Kropotkine, Almanaque da Aurora, ano de publicação; Como Educar e Doze provas de inexistência de Deus, de S. Faure; Princípios e Fins do Programa Comunista — Anarquista de José Oiticica, e por último, O Sindicalismo em Portugal, de M. J. de Sousa. Só agora, pela sua carta fiquei sabendo, que, o pseudónimo de Alfredo Guerra, era do Miguel Cordoba — esse grande lutador que foi das nossas ideias em Portugal. Renovando o pedido ao camarada da nossa última carta de, caso possuir repetidos folhetos - Como não ser anarquista, Entre Camponezes e Georgicas - O favor da sua cedência para fins de propaganda:
Outro favor, agradecíamos que O camarada nos satisfizesse, no qual temos o maior empenho. Nos jornais anunciados na bibliografia da Terra Livre, São mencionados dois jornais de Coimbra, que decerto possuirá nas suas colecções —- Vida Livre e Despertar - ao todo 8 números, que temos imenso interesse em consultar, pelo que lhe pedimos a sua cedência, cuja devolução garantimos dentro de poucos dias. Dado o nosso interesse na consulta destes jornais, agradecemos a satisfação desse pedido. Já possuímos cerca de 300 publicações apontadas para a obra bibliográfica. Todas as notas que acompanham os seus informes, serão publicadas.
Aceite o estimado camarada, abraços espirituais de todos os libertários de Coimbra.
José de Almeida