Divulgação sobre Deolinda Lopes Vieira, da sua relação com o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas, com base num postal e em algumas publicações salvaguardadas no Espólio Pinto Quartin; bem como de publicações recentes sobre as suas actividades. Texto de Inês Ponte
Divulgação sobre o Movimento estudantil e fundos acolhidos no AHS com documentação sobre este tema.
Divulgação sobre duas brochuras do Espólio de Pinto Quartin, que articulam Feminismo e Eugenia, por Ricardo Gomes Moreira, estudante de doutoramento em Antropologia no ICS-ULisboa. Inclui também secção sobre recente disponibilização da Coleção da Associação Tchiweka de Documentação (ofertada em junho de 2023); sobre um documento do Espólio de Pinto Quartin, escolha do arquivista do AHS, João Pedro Santos, e sobre a Exposição temporária "Há sempre alguém que diz não".
Fontes de vários fundos que o AHS salvaguarda têm potencial para a história da ruralidade portuguesa. O inventário detalhado de documentos de gestão de grandes propriedades latifundiárias, como da Casa Barão de Almeirim (1794-1959) ou da Casa Agrícola da Herdade da Palma (1873-1960) fazem parte do catálogo digital do AHS há algumas décadas. Dedicamos este número a enquadrar algumas outras fontes ligadas à história agrária, mais modestas em tamanho, e relativas a um período mais curto, do final do Estado Novo até ao PREC, mas não menos empolgantes, também em catálogo, para consulta presencial com marcação.
Continuamos a apostar em textos que explorem ora fontes ora um pouco da história do AHS. Contamos neste número com Kátia Favilla, estudante do DANT, e com a usual Escolha do Arquivista por João Pedro Santos, que abordam a extinção dos Grémios da Lavoura após o 25 de abril de 1974, revelando dimensões distintas da investigação que Manuel Lucena coordenou sobre esta, durante o PREC. Oskar Ruschmann escreve sobre o estágio Erasmus+ que fez no AHS, durante o verão, onde a imprensa do final do Estado Novo bem como do PREC lhe deixou impressões fortes sobre história contemporânea portuguesa e da importância de contactar com fontes. Divulgamos novos documentos em acesso livre no fundo de Pinto Quartin PQ), e algumas novidades no catálogo, em acesso livre, ou por consulta presencial.
Temos notícias também ao nível de parcerias de catalogação, sobre imprensa em exilio. Por fim, queremos convidá-los para a finissage da exposição O Pão, A Paz, a Habitação, que conta com o lançamento de Portugal em Mudança, onde António Costa Pinto, doador dos autocolantes que lhe deram o mote, será um dos comentadores. Boas leituras. Inês Ponte
Numa democracia recente, foram 9 números, 2 por ano, com apanhados de literatura sobre uma área de estudos emergente à época em Portugal, o operariado, e de noticias sobre arquivos nacionais e internacionais focados nessa dimensão. Tem pontualmente informações sobre coleções e doadores do então Arquivo das Classes Trabalhadoras, atual Arquivo de História Social. Tiragem: 250 exemplares. A partir do número 7 de 1985 Maria Filomena Mónica passa a directora da revista
texto divulgação de fotografia publicada no jornal Renovação, salvaguardada no acervo do AHS.
"Fotógrafo desconhecido. A fotografia integra o acervo fotografico da revista A Renovação, de 15 de novembro de 1925. Em 1925, um rapaz de 17 anos parte para o exílio. No porto de Lisboa, irmão e irmã dão um último beijo, uma cena emocional que evoca o temor de nunca mais se voltarem a ver. A pobreza rural tinha empurrado o jovem para a capital onde, incapaz de encontrar trabalho ou um lugar para dormir, tinha como modo de vida vaguear pelas ruas de Lisboa ao mesmo tempo que ia cometendo crimes de pequeno delito. Um ano depois de ter sido preso, o jovem foi enviado para Luanda, em Angola. Entre os 364 indivíduos que o acompanharam, muitos homens e mulheres tinham também sido condenados ao exílio apenas por terem cometido crimes insignificantes. O episódio foi narrado pelo escritor Ferreira de Castro na revista anarquista A Renovação, de 15 de novembro de 1925, na qual foi também publicada a fotografia que aqui se reproduz." RAC
Exposição temporária, celebratória dos 30 anos do AHS, focada na revista Renovação, editada por Pinto Quartin.
Celebrando também a grande variedade temática e cronológica dos fundos do AHS.
O enfoque é posto nesta «revista quinzenal de arte, literatura e actualidades» publicada pelo jornal anarco-sindicalista A Batalha. A revista teve urna vida curta: saíram 24 números entre 2 de Julho de 1925 e 15 de Junho de 1926. Contou com a participação de destacados colaboradores, entre os quais Ferreira de Castro, Bento Faria, Eduardo Frias, Mário Domingues, Ladislau Batalha, Rocha Martins e Julião Quintinha. O último número saiu um mês antes do estabelecimento da censura prévia à imprensa.
Apresentação: Manuel Villaverde Cabral e Anne Cova
Texto: João Freire
Coordenação: Rita Almeida de Carvalho
A exposição teve lugar na sala 3 do ICS. Curadoria cientifica de Rita Almeida de Carvalho; Desenho de João Pedro Silva.
Arquivo de História SocialReúne materiais gerados pela Exposição “A Paz, o Pão, Habitação…”: Valores de Abril em Autocolantes; Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, 22 de maio de 2024 a 30 de Setembro de 2024; Curadoria: Inês Ponte, Annarita Gori, João Pedro Santos, AHS/ICS-ULisboa
"Através de autocolantes que fazem parte do acervo do Arquivo de História Social do ICS-ULisboa, esta exposição evoca os valores fundamentais de Abril: a Paz, o Pão, a Habitação, a Saúde e a Educação, como expressa a canção “Liberdade” escrita por Sérgio Godinho, há 50 anos. Quantos destes valores parecem hoje estar ainda por cumprir? Em jeito de balanço sobre os desafios que ainda se colocam aos valores de Abril, a exposição dialoga também com recursos visuais contemporâneos. Apropriando-nos dos autocolantes, na época um meio de divulgação comum, esta exposição sobre a intemporalidade dos valores de Abril é também uma forma de celebrarmos a expressão popular.
“A Paz, o Pão, Habitação…”: valores de abril em autocolantes tem por base a coleção de autocolantes proveniente de António Costa Pinto, investigador do ICS-ULisboa".
texto de divulgação do acervo do AHS, sobre notícia da agência Reuters enviada a partir de Joanesburgo relativa à controvérsia em torno de um sermão do então Bispo de Nampula. Post. 1968, por Joana Bénard da Costa, revisão de Rita Almeida de Carvalho.
texto de divulgação do acervo do AHS, sobre postal de natal enviado pela escritora e jornalista Sara Beirão ao seu amigo jornalista Pinto Quartin, por Joana Bénard da Costa, revisão de Rita Almeida de Carvalho.
O postal é enviado a partir de Tábua (Coimbra), onde nasceu e residiu Sarah Beirão, a qual se destacou também pelo seu empenhamento na causa republicana e na defesa dos direitos das mulheres. Integrou a Liga Portuguesa da Paz, a Liga Republicana das Mulheres Portuguesas e o Conselho Nacional das Mulheres Portuguesas. O postal faz parte da correspondência particular do vasto espólio de António Tomás Pinto Quartin e pode ser consultado no Arquivo de História Social. Data 19-12-1951.
Cota: Arquivo de História Social-ICS/ULisboa, Espólio de Pinto Quartin, PT-AHS-ICS-PQ-CP-023-1.
texto de divulgação do acervo do AHS, sobre a Mensagem,órgão da Casa dos Estudantes do Império, número saido em 07-1964, por Joana Bénard da Costa, revisão de Rita Almeida de Carvalho.
Artesãos e Operários: Indústria, Capitalismo e Classe Operária em Portugal (1870-1934)
Maria Filomena Mónica
Editado pelo ICS-ULisboa
Livro de importância decisiva na evolução dos estudos histórico-sociológicos sobre a classe operária em Portugal, aqui considerada no período de 1870 a 1934. Recusando abordar a classe operária como uma totalidade homogénea, a autora procura antes apreender e delinear a sua diversidade essencial e as complexas circunstâncias que explicam essa diversidade. Merecedora de relevo é a tentativa feita para avaliar as condições de vida do operariado, não só materiais, mas também culturais, problema amplamente debatido noutros países, mas muito pouco estudado entre nós. E aqui, de novo, tem de referir-se o esforço constante para fugir a fáceis generalizações, apontando as enormes distâncias e diferenças que separavam, uns dos outros, diversos sectores da classe operária.
Exposição "Humberto Delgado - O General sem Medo", no Museu República e Resistência, em 1995, direção científica de Fernando Rosas.
Esta exposição exibiu 2 documentos do AHS:
Proclamação do General Humberto Delgado. A todos os Portugueses da Metrópole e do Ultramar [Maio de 1958]
PT-AHS-ICS-PQ-P-096
Cartas do Sr. General Humberto Delgado, Candidato às últimas Eleições. Aos senhores: Ministro da presidência, Ministro do Interior e a Sua Eminência o Cardeal Patriarca de Lisboa; protestando contra a fraude eleitoral, a vaga de prisões e abusos policiais sobre os seus apoiantes que se seguiram ao encerramento da campanha (30 Junho e 12 e 14 de Julho de 1958, respectivamente)
PT-AHS-ICS-PQ-DOC-149
Documentário sobre a actriz Glicínia Quartin por ocasião do seu 80º aniversário. A sua família, o anarco-sindicalismo, a Escola-Oficina nº 1, as leituras em casa dos pais, as prisões, o Mud Juvenil, os teatros experimentais, os surrealistas, o encontro com José Ernesto de Sousa e o desabrochar do Cinema Novo com “Dom Roberto”, a Itália, a fantasia, Beckett, Genet, Vitor Garcia, o encontro com Luís Miguel Cintra – uma vida em movimento.
"Gosto tanto de a ouvir falar, à Glicínia. Mas não queria que ela falasse só comigo. Por isso fiz este filme, para partilhar as minhas conversas com Glicínia Quartin."
Jorge Silva Melo
"Não sei do que gosto mais, se de ouvir o que pensa (que não pára de pensar), se de a ouvir contar tanta vida que viveu (que não sabe estar parada sem viver), se de a ver brincar (que a vida para ela tem de ser festa). Gosto de a ver representar: pensa, mexe-se, brinca, imagina e enquanto representa conta coisas que conhece do que viu nos outros. Conversa, de facto (“não achas?”, “lembras-te?”, “e tu?”, “quero perguntar-te uma coisa”), curiosa de mim, de ti, de todos os outros e de todas as coisas, firme no que decide e a querer saber o que o outro quer, sempre a pedir esse “tu”. Inventa-se e inventa espaço. Transporta a alegria. Sem peso. Sempre em movimento. Porque vive em sedução. E porque ama como ninguém a sua e a minha e a tua e a nossa liberdade. Há mais actriz? Há mais pessoa? Melhor amiga?"
Luís Miguel Cintra
Realização de Jorge Silva Melo. Produção Artistas Unidos. 55 minutos. O Documentário teve exibição comercial, e passou na RTP
«Diário» de Leal Marques sobre a formação do primeiro governo de Salazar, por Fátima Patriarca – apresentação, Análise Social, Vol. XLI (1.º), 2006 (n.º 178), pp. 169-222: http://analisesocial.ics.ul.pt/documentos/1292586680B6rEQ0vz0Ul94UZ1.pdf
Exposição "1936, 70 anos depois Memória e História Tarrafal e Guerra Civil de Espanha", no ANTT, organizada por Fátima Patriarca, Catarina Guimarães, Cristina Ribeiro e Inês Correia.
Esta exposição exibiu 10 documentos do AHS:
Relatório da Delegação em Madrid do Partido Comunista Português, SPIC, sobre a atividade do PCP com a caracterização das diferentes forças políticas que integram a Frente Popular Portuguesa. Madrid, 23.11.1936
(F.495, op. 10a, d. 262, AHS-IC, Doc. 112, maço 32, Caixa 2)
Solidariedade. Órgão Central da Secção Portuguesa do Socorro Vermelho Internacional, II Série, n.º [ilegível], 1937
(F.539, op. 3, d. 1021, AHS-SVI, Doc. 480, Caixa 23).
Carta da Secção Portuguesa do Socorro Vermelho Internacional (SVI), assinada por Jorge, dirigida aos serviços centrais do SVI, fazendo referência a cartas de junho a dezembro de 1936 bem como ao clima político em Portugal. Lisboa, 24.01.1937
(F.539, op. 3, d. 1021, AHS-SVI, Doc. 476, Caixa 23)
Inventario General por Orden de la Cartotega de Nacionalid Portuguesa, Lista n°1, do Estado Maior da Base das Brigadas Internacionais. Barcelona, 26.05.1938
(F. 545, op. 6, d. 816, AHS-BI, s/n, Caixa 11)
Informacion sobre Berta Mouchet, pseudónimo de Carolina Loff, que refere a sua participação na Rádio Madrid. S.I., 25.11.1938
(F. 545, op. 6, d. 823, AHS-IC, s/n, Caixa 10)
Memórias da Guerra Civil de Espanha, de Manuel António Boto. S. Paulo. Agosto de 1966
PT-AHS-ICS-MAB-2860
Avante!, n.º 20, II Série, O Partido Comunista Português saúda todos os combatentes da Frente Popular Espanhola e espera confiante os resultados da sua abnegada coragem e heroísmo. Agosto de 1936
PT-AHS-ICS-CG-12-20
Avante!, n.º 26, II Série, O povo espanhol resiste e vencerá. . 1a quinzena de Janeiro de 1937
PT-AHS-ICS-CG-12-26
Avante!, n.º 37, II Série, Ofensiva geral do fascismo contra o povo português. A morte de um herói. 1a semana de Junho de 1937
PT-AHS-ICS-CG-12-37
Avante!, n.º 43, II Série, SALUD GLORIOSO POVO ESPANHOL!, 3a semana de Julho de 1937
PT-AHS-ICS-CG-12-43
Duarte, Maria João Raminhos, 2008, Oposição à ditadura militar e ao «Estado Novo» no Algarve (1926-1958) : o caso do Concelho de Silves, Doutoramento, Universidade de Lisboa, https://repositorio.ul.pt/handle/10451/577
Em Portugal, com o golpe militar de 28 de Maio de 1926 teve início uma Ditadura Militar que culminou num novo regime, o Estado Novo , também de cariz ditatorial, que se institucionalizou com a aprovação da Constituição de 1933 e que se manteve até 25 de Abril de 1974. Este regime foi sempre marcado por um acentuado autoritarismo do Estado, que impôs aos portugueses um forte dirigismo político, económico e social, mantido por diversas instituições repressivas e policiais. Desde o seu início, o regime foi combatido por uma oposição proveniente de vários sectores da sociedade portuguesa. Entre estes, contam-se alguns sectores militares, vários núcleos republicanos, as organizações operárias, o Movimento Nacional-Sindicalista, o PCP e outros movimentos democráticos surgidos após a II Grande Guerra Mundial. Todos eles foram duramente reprimidos, quando não eliminados, pelo Estado Novo . Este trabalho debruça-se particularmente sobre a oposição ao regime ditatorial no concelho de Silves no período entre 1926 e 1958. Paralelamente foi feito o estudo da implementação do regime ditatorial a nível local, das suas instituições e apoiantes. A cidade, que se caracterizava por um forte movimento operário ligado à indústria corticeira e pelo republicanismo democrático da sua elite local, destacou-se, desde o primeiro momento, no combate à ditadura. Em Silves, houve opositores de todos os tipos. Neste âmbito foi feita a história desses movimentos, biografados os seus protagonistas e identificadas as suas actividades e influência dentro e fora do concelho. De igual modo se estudou a repressão social, civil e política, a depuração administrativa e, por último, a repressão formal e a violência. A expulsão da função pública, os despedimentos, as torturas, as prisões e o desterro prolongado fazem parte da memória colectiva da cidade que aqui se pretendeu preservar.
Accornero, Guya, 2009, Efervescência estudantil:estudantes, acção contenciosa e processo político no final do Estado Novo (1956-1974), Doutoramento, ICS-ULisboa, Universidade de Lisboa, https://repositorio.ul.pt/handle/10451/321
O movimento estudantil, um dos mais activos contra o Estado Novo nas suas últimas décadas, intensificou-se a partir de 1956, quando os estudantes conseguiram bloquear a tentativa do Governo de pôr as associações académicas sob o seu controlo. Isso coincidiu com uma conjuntura internacional que provocou profundas consequências na política contenciosa. O XXº Congresso do PCUS, com as consequentes crises nos países satélites da União Soviética e com a eclosão do conflito com a China, e o Civil Rights Movements nos Estados Unidos, foram os elementos mais salientes. A nível interno, os seus efeitos foram amplificados pela campanha eleitoral do General Humberto Delgado em 1958 e pelo início da guerra colonial em 1961. Estes factores contribuíram para a emergência em Portugal de um amplo ciclo de protesto, que concorreu para a politização do sector estudantil e na sua fase final, caracterizada por uma forte repressão, para a radicalização da oposição política, com o aparecimento das primeiras formações maoístas. Em 1967 inícia-se um segundo ciclo de protesto, cuja trajectória difusa motiva a definição de conflitualidade permanente , impulsionado pela descompressão política iniciada por Marcelo Caetano em 1968 e pela contestação estudantil que, sobretudo com o Maio de 68 , estava a eclodir em toda Europa. As últimas fases da luta contra o regime foi dominada pelo issue da guerra colonial e por um forte movimento de resistência à incorporação militar. A mobilização e politização estudantil, por seu lado, estendeu-se através um mecanismo de difusão a variados sectores sociais, como o das Forças Armadas, e contribuiu para criar as condições para a mobilização que caracterizou a primeira fase da transição portuguesa, aberta pela Revolução de 25 de Abril 1974. Este ciclo de protesto confluirá portanto no chamado Processo Revolucionário em Curso (PREC), começando a refluir só depois das eleições de 25 de Abril 1975.
O sindicalismo português entre 1933 e 1974:orientações políticas e estratégicas do Partido Comunista Português para a luta sindical
Lopes, Maria Filomena Rocha
Tese de doutoramento, História (História Contemporânea), Universidade de Lisboa, Faculdade de Letras, 2012
http://hdl.handle.net/10451/7351
O Sindicalismo português, na transição da Ditadura Militar para a plena institucionalização do Estado Novo, caracteriza-se por duas vertentes essenciais: a busca pela reorganização do tecido sindical, destruído por medidas governamentais de repressão e pela ilegalização das principais organizações sindicais, e por uma ampla discussão em torno de opções de carácter ideológico, orientadores da acção sindical. Esta transição provocará a ruptura nas organizações sindicais, colocando à margem da lei as suas principais estruturas, com recurso a métodos coercivos e punitivos, implacavelmente aplicados pela PVDE, sobre estas organizações e os seus principais dirigentes. A legislação laboral de 1933 rompe com o sindicalismo livre impondo sindicatos únicos de feição nacionalista, colaboracionistas, servis em relação aos interesses económicos nacionais e sustentados por uma negação dos princípios do internacionalismo, da pluralidade, da solidariedade e da liberdade de acção sindical que tinham caracterizado o sindicalismo português. O Estado Novo destrói, com recurso a acções de extrema violência, a liberdade sindical e o que restava de sindicalismo livre de cariz operário, diabolizando estas organizações, bem como os dirigentes e as ideologias que os sustentavam. Esta ruptura na evolução do movimento sindical português leva-nos ao lado negro da luta sindical, a clandestinidade. O PCP clandestino organiza a luta impondo aos seus dirigentes e militantes um código de silêncio conspirativo. A luta sindical coloca em risco, militantes e dirigentes sindicais comunistas pelas consequências que advêm da luta. A prisão, os interrogatórios, a perda de direitos, a deportação e quantas vezes a morte em vida são o preço a pagar pela luta sindical. A clandestinidade marca a existência destes dirigentes. A aparente abertura do regime após a II Grande Guerra e a convocação de eleições permitiu a formação de organizações de oposição como o MUD e o MUDJ. No entanto a realidade demonstrou a burla com que Salazar pretendia mascarar o regime. As condições impostas a dirigentes e militantes comunistas são de tal forma rigorosas que muitos abandonam o país para só regressarem após a revolução de 25 de Abril de 1974.
Registo de empréstimo de documentação original para a exposição Viva a República, 1910-2010: exposição temporária, organizada pela Comissão Nacional para as Comemorações do Centenário da República
Coordenação científica de Luis Farinha.
O catálogo da exposição reproduz 2 documentos salvaguardados pelo AHS:
"Ao Povo: guerra à guerra" (p. 53)
(PT-AHS-ICS-PQ-P-035)
"Manifesto aos trabalhadores conscientes" (p. 76)
(PT-AHS-ICS-PQ-P-122)