Semanal
Publicou-se regularmente durante três anos. Editado e dirigido por A.M. Gonçalves Viana.
-Pinto Quartim
Porto
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A Terra era um jornal clandestino e irregular, ligado com o PCP, publicado desde 1949 (1.ª série 1949, 2.ª série 1963). Era anticapitalista e antifascista, tendo como público-alvo os camponeses. Após o 25 de abril, continuou a existir, já não clandestino, e abordava temas como a política e a direito agrário, incluindo críticas à reversão da reforma agrária.
Percurso académico e profissional
Embora nascido no Porto, mudou-se em criança para Vila Real, onde viveu até finalizar os estudos liceais. Admitido na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, permaneceu nesta cidade até 1963. No mesmo período foi ator do CITAC - Círculo de Iniciação Teatral da Academia de Coimbra. Deixou os estudos de Direito e partiu para a Suíça, onde se estabeleceu em 1963. Neste país, viria a licenciar-se em Economia Social, pela Universidade de Genebra, no ano de 1968. Findo o curso, foi assistente da mesma universidade, até 1970, ano em que passou a dedicar-se exclusivamente à investigação, integrando o Instituto de Pesquisas das Nações Unidas para o Desenvolvimento Social. Fez parte desse Instituto desde 1969 até 1974.
Em 1985 voltaria à Universidade de Genebra para realizar o doutoramento em Sociologia. A sua tese intitula-se L’État et la société civile au Portugal: révolution et réforme agraire en Alentejo, 1974-1976, e encontra-se publicada em Portugal desde 1986.
Regressado a Portugal no período da Revolução de 25 de Abril de 1974, tornou-se investigador no Gabinete de Estudos Rurais da Universidade Católica Portuguesa, função que desempenhou até 1982. Nesse ano, ingressou no Instituto de Ciências Sociais da Universidade de Lisboa, onde se manteve até à jubilação, em 2009.
Concomitantemente, foi professor de disciplinas de Sociologia na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas e na Faculdade de Direito da Universidade Nova de Lisboa, tendo feito parte da Comissão Instaladora desta última.
Foi vogal do Conselho de Administração do Instituto Nacional de Estatística.
Autor de vasta bibliografia, dedicou a sua investigação aos temas da emigração, do socialismo e da reforma agrária, evolução da sociedade portuguesa, indicadores sociais, justiça, regionalização, Estado e Administração Pública, Estado Providência, comportamentos políticos e retrato da região do Entre Douro e Minho.
Na televisão, assinou a série de documentários Portugal, um retrato social, realizada por Joana Pontes (RTP, 2006), e dedicou-se ao comentário político em Regra do Jogo, com José Miguel Júdice (SIC Notícias, 2006-2008).
Foi cronista do jornal Público a partir de 1991. Atualmente, escreve no Diário de Notícias uma coluna semanal ao domingo.
Percurso político
Foi militante do Partido Comunista Português entre 1963 e 1970, aderindo, após o 25 de abril de 1974, mais precisamente em dezembro desse ano, ao Partido Socialista.
Eleito deputado à Assembleia Constituinte, no ano seguinte, em 1975, seria membro do VI Governo Provisório (Pinheiro de Azevedo), como Secretário de Estado do Comércio Externo, e do I Governo Constitucional (Mário Soares), como Ministro do Comércio e Turismo, primeiro, e da Agricultura e Pescas, depois.
Fruto da sua passagem governativa como Ministro da Agricultura ficaria com o seu nome associado à alteração legislativa preparada no seu gabinete — a «Lei Barreto». Essa alteração pretendia redefinir o caminho da Reforma Agrária, procurando contrariar o modelo de expropriação e concentração que vinha sendo seguido pela extrema esquerda e pelo PCP, desde o 25 de abril[2].
Afastou-se do PS para apoiar o projeto da Aliança Democrática, liderado por Francisco Sá Carneiro, com o efémero Movimento dos Reformadores, criado com José Medeiros Ferreira e Francisco Sousa Tavares, em 1978.
Em 1985, apoiou Mário Soares, no MASP I (Primeiro Movimento de Apoio Soares à Presidência) para as eleições presidenciais portuguesas de 1986.
Na legislatura de 1987 a 1991, foi de novo deputado à Assembleia da República, pelo PS, estrutura da qual se afastou definitivamente na década de 1990.
Distinções honoríficas e prémios
Agraciado pelo Presidente Aníbal Cavaco Silva com a Grã-Cruz da Ordem Militar de Cristo (8-06-2012). Agraciado com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade pelo Presidente Marcelo Rebelo de Sousa (5-10-2017).
Recebeu o Prémio Montaigne, atribuído pela Fundação Alfred Toepfer e pela Universidade de Tübingen, em 2004. Foi eleito membro Academia das Ciências de Lisboa em 2008.
Família
É o terceiro de sete filhos de Manuel da Costa Pinto Barreto (Peso da Régua, 17-12-1907 – Porto, 21-12-1981) e de sua mulher (Vila Real, Folhadela, 15-09-1938) Maria do Céu de Morais Taborda (Porto, 7-05-1912 – Porto, 5-03-1980), neta materna do 1.º Barão de Gouvinhas e sobrinha-neta materna do 1.º Visconde de Morais, que recusou o título de Conde de Morais, uma família com reminiscências fidalgas, católica e apoiante da monarquia[4]
Vida pessoal
Casado, em segundas núpcias, com a socióloga Maria Filomena Mónica.
Adaptado de https://pt.wikipedia.org/wiki/Ant%C3%B3nio_Barreto
A Comissão Organisadora da Conferência inter-sindical gráfica do norte organizou a conferência inter-sindical gráfica do norte nos dias 29 e 30 do novembro em 1924 no Porto e Lisboa, e publicou uns jornais para a preparação e acompanhamento dela
Folha semanal Ed. Pedro Pinto Gorgal. Porto: Typ. Peninsular
João Evangelista de Campos Lima, ou Campos Lima como assinava, nasceu em 1877, na cidade do Porto. Ainda criança, foi levado para Barcelos e depois para Braga, onde concluiu o curso liceal. Bem jovem, fora tocado pelas injustiças sociais e percebeu a desigualdade e aos 17 anos, já em Coimbra, entra num comício de trabalhadores no bairro dos Olivais, discursando ao lado dos precursores do movimento operário em Portugal, Ernesto da Silva e Azedo Gneco. Aos 20 anos matriculou-se na Faculdade de Direito da Universidade de Coimbra, de onde foi expulso em 1907, no mesmo ano em que se formara advo-gado, o que o impediu de doutorar-se. A sua expulsão decorreu da sua parti-cipação na greve académica naquele ano, contra o ditador João Franco. Um ano antes, 1906, visitando Paris, ali travou conhecimento com anarquistas como Carlos Malato, o escritor romeno Janvion, Paul Pigassou, Jean Grave. Mas o que mais o entusiasmou foi a Comuna escolar La Ruche, de Sebastião Faure. De regresso a Portugal, tentou em colaboração com Tomás da Fonseca, Lopes de Oliveira e outros. fundar uma Escola Livre de Ensino Integral. Em 1908 principiou a advogar, mas nunca aceitou uma causa onde tivesse de acusar. Só uma vez acusou um agente de polícia que assassinara um operário. Como escritor anarquista foi dos mais produtivos e dos mais modestos, e como advogado defendeu heroicamente os trabalhadores e os anarquistas presos por delitos de opinião. Para melhor semear as suas ideias, divulgar os seus pensamentos o anarquista e advogado dos trabalhadores perseguidos fundou e dirigiu a Editora Spartacus, que publicou obras de real valor, como A História do Movimento Maknovista de Pedro Archinoff em 1925. Professor em escolas industriais e, interino, num Liceu, continuou a sua vida de propagandista, sempre interessado nos problemas sociais, e combateu alguns governos republicanos, com a mesma independência com que combatera os monárquicos, embora se entendesse com os democratas, na oposição e, sobretudo, quando via a República ameaçada. Foi amigo dos presidentes Manuel de Arriaga, António José de Almeida, Bernardino Machado e Teixeira Gomes; mas nunca solicitou empregos, benesses, mercês honoríficas, recusando ser deputado, governador civil e até ministro da Justiça, depois do movimento de 19 de Outubro. Apenas consentiu em fazer parte de várias comissões de estudos, como a encarregada da reforma da lei do inquilinato e dos organizadores do Congresso Internacional do Livre Pensamento, em cujos trabalhos tomou parte. A sua actividade jornalística foi grande, colaborando em muitos jornais e revistas do país e do estrangeiro. Fundou e dirigiu a revista Cultura e foi director dos diários Boa Nova e Imprensa de Lisboa, o único jornal diário que se publicava no período da greve dos jornalistas. Trabalhou, como redactor nos jornais O Século, O Mundo, A Batalha, Pátria e Diário de Notícias e foi articulista primoroso, versando os mais diversos problemas nacionais e internacionais.
Campos Lima faleceu a 15 de Março de 1956 com 78 anos de idade na rua Actor Taborda, 27, em Lisboa, sem ver o fim da ditadura fascista de Salazar. Ao seu enterro compareceram figuras da mais alta expressão intelectual como Julião Quintinha, Artur Inez, Manuel Alpedrinha, João Pedro dos Santos [...]
Fontes: E. Rodrigues (1982), A Oposição Libertária em Portugal 1939-1974, Lisboa, Sementeira.
Cesar Oliveira, historiador e resistente ao Estado Novo, nasceu em Fiais da Beira, Oliveira do Hospital, a 26 de Março de 1941. Estudou no Colégio Braz de Mascarenhas, em Oliveira do Hospital, e no liceu D. João III, em Coimbra. Em 1959 ingressou na Faculdade de Direito da Universidade daquela cidade. Aderiu ao Partido Comunista Português com o qual viria a romper mais tarde. Participou na campanha eleitoral para a Assembleia Nacional em 1961 e, militante associativo, envolveu-se na vida académica e nas lutas estudantis, nomeadamente nas do ano decisivo de 1962, e acabará por ser expulso da Universidade por se ter recusado a entregar documentação relativa a uma Assembleia Magna da Associação Académica de Coimbra. Inscreveu-se no curso de Filosofia da Faculdade de Letras da Universidade do Porto e casou-se em 1964, ano em que parte para Angola para cumprir o serviço militar, estabelecendo uma forte relação pessoal e política com Ernesto Melo Antunes. Trabalhou no Banco Português do Atlântico e na Mabor (de onde é expulso por actividade sindical) e entre 1966 e 1969 fez parte do Sindicato dos Bancários do Porto. Terminou o curso em 1969 e ensinou em liceus no norte do país. Empenhado na actividade cultural, associou-se à Cooperativa Cultural Confronto e foi um dos fundadores da Editorial Afrontamento, onde publica, ele próprio, e dinamiza publicações sobre o movimento operário. Participou na campanha de 1969 na Comissão Democrática Eleitoral (CDE) e em 1972 fará parte do chamado “grupo do Flórida” que incluía elementos como Jorge Sampaio, João Cravinho ou Nuno Brederode Santos, muitos deles ligados às lutas académicas de 1962. Após o 25 de Abril será um dos fundadores do Movimento de Esquerda Socialista (MES) e dirigiu o respectivo jornal “Esquerda Socialista”. Viria a abandonar o MES e a ingressar ao Grupo de Intervenção Socialista (GIS). Em 1975 trabalhou no Ministério da Comunicação Social do IV Governo Provisório e foi adjunto do ministro Correia Jesuíno.
Fundou a Frente Operária e a União de Esquerda para a Democracia Socialista (UEDS) em 1977 e associou-se à Frente Republicana e Socialista (FRS). Foi eleito deputado à Assembleia da República pelo círculo de Faro entre 1980 e 1985 pela FRS. Tornou-se militante do Partido Socialista e apoiou a candidatura de Jorge Sampaio à Presidência da República, presidiu à Câmara Municipal de Oliveira do Hospital (1990-1994), foi eleito membro da Assembleia Municipal de Lisboa e da Assembleia da Área Metropolitana de Lisboa (1994).
Destacando-se, inicialmente, sobretudo pela investigação sobre a história do movimento operário, do socialismo, do sindicalismo ou da I República, a sua carreira académica e docente notabilizou-se também pelos trabalhos seminais sobre a génese do Estado Novo e as suas relações com Espanha, ou, mais tarde, sobre a História da Administração e do Poder Local. Em 1972 começou a dar aulas no Instituto Superior de Economia e integrou a redacção da revista “Análise Social”. Em 1986 doutorou-se no Instituto Superior de Ciências Políticas de Lisboa com a tese “A consolidação do salazarismo e a guerra civil de Espanha” que dará origem ao livro “Salazar e a Guerra Civil de Espanha”.
Foi professor auxiliar do ISCTE, leccionando História Contemporânea de Portugal, na licenciatura em Sociologia, e coordenou a área de História. Em 1993 passou a professor auxiliar agregado e, em 1997, a professor catedrático convidado. Ministrou ainda as cadeiras de Política Externa Portuguesa, no curso de Mestrado de História Contemporânea, e de História Contemporânea de Portugal da licenciatura em Economia. Viria ainda a leccionar na Faculdade de Ciências Sociais e Humanas da Universidade Nova de Lisboa e na Faculdade de Economia da Universidade de Coimbra. Coordenou o curso de pós-graduação em Gestão Autárquica no Instituto Superior de Gestão e colaborou na licenciatura em Ciência Política da Universidade Internacional.
É autor de obras como “O Operariado e a República Democrática. 1910-1914”, “A Criação da União Operária Nacional”, “O Socialismo em Portugal. 1850-1900. Contribuição para o Estudo da Filosofia Política do Socialismo em Portugal na Segunda Metade do Século XIX”, “O 1º Congresso do PCP”, “A Revolução Russa na Imprensa Operária da Época”, ”Treze Cartas de Portugal para Marx e Engels”, “Portugal e a II República de Espanha”, “Salazar e o seu Tempo”, “Os Anos Decisivos. Portugal 1962-1985”, “Cem Anos de Relações Portugal/ Espanha”.
Viria a morrer prematuramente a 5 de Junho de 1998, vítima de doença prolongada aos 57 anos. Em 1999 foi distinguido com a Grã-Cruz da Ordem da Liberdade e, em 2005, com a Grã-Cruz da Ordem do Infante D. Henrique.
"Fundador da revista A Águia, em 1910, é também um dos principais dinamizadores do grupo de jovens republicanos que criou, no Porto, a Renascença Portuguesa, de que a revista se tornaria órgão oficial, a partir da sua 2ª série, em 1912. As vinte cartas de Fernando Pessoa que, como seu destinatário, Álvaro Pinto deu a conhecer, em 1944, na revista Ocidente, constituem um precioso documento sobre as relações do poeta de Lisboa com o movimento saudosista portuense. Álvaro Pinto é, entre 25 de Abril de 1912 (data da primeira carta) e Novembro de 1914, um interlocutor privilegiado, atendendo à sua qualidade de secretário da redacção da revista e responsável, por isso, pelos contactos com os colaboradores. Torna-se, assim, também um elo de ligação de Pessoa com os principais renascentes: Teixeira de Pascoaes, Leonardo Coimbra, Jaime Cortesão. Por outro lado, dá mostras de um grande zelo na edição da revista (onde Pessoa aparece, pela primeira vez, em público, no nº 4, Abril de 1912, com «A nova Poesia Portuguesa sociologicamente considerada»), conforme as explicações de Pessoa e as suas desculpas pelo atraso no envio ou conclusão dos artigos prometidos deixam supor. O poeta felicita-o mesmo, numa carta de 28 de Janeiro de 1913, pela sua «maravilhosa tenacidade, a sua capacidade organizadora e aquela dedicação», postas «ao serviço de uma causa cuja importância é maior do que talvez o mais ousado de nós ousa dizer». Mas, Pessoa afasta-se progressivamento da orientação saudosista e lusitanista de A Águia, do espírito de seita que anima o grupo. Os mentores da revista começam a dar sinal de pouca simpatia pelas suas colaborações. Uma carta de 12 de Novembro de 1914 consuma o «divórcio», mostrando-se Pessoa ofendido pela ausência de resposta à sua vontade de publicar uma plaquette de O Marinheiro, através da revista, e clarificando as suas divergências com a Renascença Portuguesa, que Álvaro Pinto representa."
António de Castro e Silva nasceu em 1890 em S. João da Foz do Douro, concelho do Porto.
Participou na I Guerra Mundial, tendo combatido nas Campanhas do Sul de Angola (1915) e no Corpo Expedicionário Português em França (1917) enquanto Alferes-Instrutor.
Em 1919, participou no movimento contrarrevolucionário conhecido como "Monarquia do Norte" , tendo sido afastado do efetivo do Exército.
Nos anos seguintes, dedicou-se à eletrotecnia, tendo dirigido a eletrificação de Ponta Delgada (1924) e Covilhã (1928).
Só em 1931 voltaria a exercer funções oficiais, entrando em dezembro para a Polícia Internacional Portuguesa (PIP) no Porto. Transferido para Lisboa em 1934, desempenhou diversas funções na Polícia de Vigilância e Defesa do Estado (PVDE) enquanto inspetor-adjunto, sendo o oficial encarregue durante alguns anos, pela segurança pessoal de António de Oliveira Salazar.
Em abril de 1938 parte para Espanha para combater na Guerra Civil ao lado das tropas de Franco, tendo sido incorporado na Legião Espanhola e comandado a 63ª Companhia da Legião, que fazia parte da 16ª Bandera.
Regressaria a Portugal em Agosto do mesmo ano, reintegrando a PVDE e ficando, a título provisório, a cargo da direção da Delegação da PVDE no Porto. De volta a Lisboa, desempenhou funções no Serviço de Estrangeiro e, mais tarde, nos serviços-gerais e radiotransmissões da PVDE.
Em maio de 1948 é nomeado subdiretor da Polícia Internacional e de Defesa do Estado (PIDE) para a Subdiretoria de Lisboa. Viria a aposentar-se em 1950.
Nasceu no Porto (freguesia de Massarelos) a 31 de maio de 1892, tendo vindo a casar em 1921 com Gjertrud Magdalene Krohn, de ascendência norueguesa.
Formado em económicas e financeiras no Instituto industrial e Comercial do Porto, iniciou a sua formação em Inglaterra na Fábrica de chocolates Cadbury, onde estagiou em 1909/10 graças aos laços de colaboração e amizade de seu pai com os irmãos Cadbury, nomeadamente no âmbito do trabalho de recolha de informação e das campanhas contra o trabalho forçado nas roças de São Tomé (Cf. biografia Alfredo Henrique da Silva). Foi nomeado professor provisório desse mesmo Instituto em 1920, transitando para o lugar de professor ordinário em 1925.
Para além de outras atividades empresariais, adquiriu em 1955 cotas no capital da empresa Fábrica de Chocolates Imperial em Vila do Conde, tendo assumido o cargo de Presidente da administração. Modernizou e aumentou a produção de chocolate e construiu instalações novas, também em Vila do Conde. A fábrica foi vendida em 1973 ao Grupo RAR.
Teve uma atividade cívica e religiosa prolífica, nomeadamente na Igreja Evangélica Metodista Portuguesa e na Aliança Evangélica Portuguesa. Foi Presidente do Conselho Fiscal da Beneficência Evangélica do Porto e Presidente de uma direção trianual da Associação Cristã da Mocidade do Porto (1963-1965). Apaixonado bibliófilo, morreu no Porto em 1978.
Manuel Joaquim de Sousa nasceu a 24 de Novembro de 1883 na freguesia de Paranhos, Porto. Depois de escassos meses de escola primária, as necessidades económicas da família atiraram-no, ainda criança, para o mundo do trabalho e da exploração. Servente de carpinteiro e de alfaiate, aos 12 anos começou a trabalhar de sapateiro, o que viria a ser a sua profissão. Desde muito novo interessado pelas leituras, é atraído pelos ambientes anarquistas nortenhos do fim do século 19 e faz a sua aprendizagem militante nas associações de classe dos sapateiros portuenses. Carlos Nobre, Benjamim Relido e, sobretudo, Serafim Lucena, são então homens de grande projecção do anarquismo. Com eles se forma Manuel Joaquim, bem como na actividade editorial e militante do jornal O Despertar. Por volta de 1908 participa no Grupo de Propaganda Libertária onde publica um folheto intitulado O primeiro de Maio e as suas Origens - grupo que em seguida se transforma no Cómité de Propaganda Sindicalista do Porto, peça importante na construção do sindicalismo revolucionário. Toma parte activa no 1.° e no 2.° Congresso Sindicalista. Neste último, em 1911, são constituídas duas Uniões Operárias, a de Lisboa e a do Porto, sendo Manuel Joaquim de Sousa escolhido para secretário-geral da última. Participa do jornal anarquista A Vida e impulsiona a actividade do Centro e Biblioteca de Estudos Sociais, verdadeiro foco de irradiação cultural e doutrinária do anarquismo nortenho. Publica então um livro intitulado O Sindicalismo e a Acção Directa. Em 1914 representa a organização sindicalista do norte no Congresso Operário de Tomar, onde nasce a União Operária Nacional, a primeira central sindical portuguesa, de orientação nitidamente sindicalista revolucionária. Tomou também parte na delegação portuguesa ao Congresso Cóntra a Guerra, em 1915, no Ferrol, a qual foi presa e expulsa para Portugal. Tempos depois passou a viver em Lisboa e no ano de 1919 participa do Con-gresso de Coimbra onde a UON dá lugar à CGT. Manuel Joaquim de Sousa foi redactor das bases da Confederação, bem como da tese "Relações Internacionais". Eleito secretário-geral do primeiro Comité Confederal, ocupou esse cargo durante três anos, até ao Congresso da Covilhã. Anos de intensa fermentação revolucionária, o entusiasmo suscitado pela revolução russa, as lutas na Alemanha, na Hungria, na Itália; e, em Portugal, as greves de grandes proporções dos ferroviários, dos correios e telégrafos, do professorado, do funcionalismo, da construção civil, da metalurgia, e outros movimentos proletários. Sousa propõe a criação e redige as bases da Liga Operária de Expropriação Económica, que, seria paralelamente à C.G.T. e no plano consumidor, o organismo económico da Revolução. Ainda neste período, e como anarco-sindicalista, Manuel Joaquim de Sousa critica publicamente as posições e actividades dos maximalistas e do Partido Comunista numa série de artigos intitulados "A boa paz", publicados por A Batalha, de que era, ao tempo, director. Em 1925 representa a sua Federação do Calçado no Congresso de Santarém. Preso após o 7 de Fevereiro de 1928, é forçado, como todos os outros, a uma semi-clandestinidade. Participa então na criação da Aliança Libértária, e entra no seu comité executivo de Lisboa. Por estas actividades, é de novo preso, em 1933, encontrando-se na cadeia na altura do 18 de Janeiro do ano seguinte. Doente, mas sempre mantendo o contacto com os companheiros inteira-se das suas actividades clandestinas. Morreu em Lisboa, a 27 de Fevereiro de 1944. O seu livro O Sindicalismo em Portugal, com várias edições, é um dos melhores documentos desses tempos, passados mas não esquecidos. Foi um militante dos mais produtivos, dos mais coerentes, um lutador que dignificou a causa dos libertários.
Fontes: E. Rodrigues (1982). A oposição Libertária em Portugal. 1939-1974. Lisboa. Sementeira.
Alexandre Vieira (Porto, 11 de Setembro de 1880 — Lisboa, 26 de Dezembro de 1973) foi um operário gráfico, jornalista e publicista ligado ao movimento operário e ao anarco-sindicalismo, figura marcante na agitação operária e nos acontecimentos revolucionários que caracterizaram a Primeira República Portuguesa e os anos posteriores.
Foi um destacado militante sindicalista, fortemente empenhado na acção do movimento sindical revolucionário e na luta pela melhoria da condição operária. Foi redactor de vários jornais ligados ao movimento operário, e o primeiro director do periódico operário A Batalha e teve grande actividade na Universidade Popular Portuguesa. Também colaborou na revista Renovação (1925-1926). Defendeu o regime de trabalho das oito horas, e criticou o regime de empreitada que então estava em vigor. Foi o autor de alguns livros, dedicados principalmente à sua profissão, tendo deixado a sua vasta bibliotea ao Sindicato dos Trabalhadores Gráficos do Sul e Ilhas Adjacentes.
Faleceu em 1973, assassinado pela Polícia Internacional e de Defesa do Estado, devido aos seus esforços contra o regime ditatorial e a favor dos direitos dos trabalhadores.
Em 1978 foi um dos três tipógrafos mortos pela PIDE que foram homenageados pelo Sindicato dos Trabalhadores Gráficos, em conjunto com Agostinho Fineza e José Moreira. Em 1979 a Câmara Municipal de Lisboa homenageou o sindicalista e historiador dando o seu nome a uma rua no Bairro 2 de Maio.
Esteve em exilio entre 1928 e 1932, em França.